Lição De Coisas

Um dos marcos na carreira do poeta mineiro, Lição De Coisas aprofunda o percurso da lírica drummondiana e traz alguns elementos ainda mais ousados.
Lição De Coisas veio a lume em 1962, mesmo ano em que o próprio Drummond organizou - com inaudita perspicácia - a Antologia poética.

Há, para o leitor mais atento, de fato um diálogo a ser estabelecido entre os dois livros. Se na Antologia o poeta revia o próprio legado àquela altura de seus trinta anos de carreira e dos sessenta de vida, neste livro original ele projeta seus grandes temas, como o passado, Minas, a brevidade da vida e a observação do tempo, em diálogo com a poesia do período, como o Concretismo.
Há no volume desde peças mais tradicionais que se tornariam clássicos do autor, como “O padre, a moça” (que iria inspirar o filme O padre e a moça, dirigido em 1965 por Joaquim Pedro de Andrade), até novidades absolutas como “Isso é aquilo”, espécie de poema-catálogo que iria inspirar muitos outros poetas e compositores: “o fácil e o fóssil/ o míssil e o físsil/ a arte e o enfarte/ o ocre e o canopo [...]”. Um marco verdadeiro na literatura brasileira.
A opção concreto–formalista que o poeta realiza em Lição De Coisas é uma radicalização dos processos estruturais que sempre mancaram seu modo de escrever.
Desde o primeiro livro, a opção pelo prosaico, pelo irônico, pelo anti-retórico, pelo anti-lirismo intencional, predispunham, pela recusa e pela contenção, ao poema-objeto, típico da geração de 1960.
A Lição De Coisas de Carlos Drummond de Andrade: O processo básico é a linguagem nominal – (“fazer as coisas e as palavras – nomes de coisas – bolar nesse vácuo sem bordas a que a interrogação, reduziu os reinos do ser”), através da desintegração da palavra. Drummond, contudo, não aderiu a qualquer receita poética das vanguardas do “Concretismo”, “Poema-Processo”, “Poesia-Práxis”, etc…
A ruptura com a sintaxe, a rima final ou interna a assonância, a aliteração e o eco , a repetição compulsória do som-coisa, aproximam Drummond das operações técnicas das vanguardas de 1950–60.

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Há no volume desde peças mais tradicionais que se tornariam clássicos do autor, como “O padre, a moça” (que iria inspirar o filme O padre e a moça, dirigido em 1965 por Joaquim Pedro de Andrade), até novidades absolutas como “Isso é aquilo”, espécie de poema-catálogo que iria inspirar muitos outros poetas e compositores: “o fácil e o fóssil/ o míssil e o físsil/ a arte e o enfarte/ o ocre e o canopo […]”. Um marco verdadeiro na literatura brasileira.
A opção concreto–formalista que o poeta realiza em Lição De Coisas é uma radicalização dos processos estruturais que sempre mancaram seu modo de escrever.
Desde o primeiro livro, a opção pelo prosaico, pelo irônico, pelo anti-retórico, pelo anti-lirismo intencional, predispunham, pela recusa e pela contenção, ao poema-objeto, típico da geração de 1960.
A Lição De Coisas de Carlos Drummond de Andrade: O processo básico é a linguagem nominal – (“fazer as coisas e as palavras – nomes de coisas – bolar nesse vácuo sem bordas a que a interrogação, reduziu os reinos do ser”), através da desintegração da palavra. Drummond, contudo, não aderiu a qualquer receita poética das vanguardas do “Concretismo”, “Poema-Processo”, “Poesia-Práxis”, etc…
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