Em Busca Do Tempo Sagrado

A Lenda Dourada é extraordinária ao mesmo tempo em si mesma e por seu destino. Escrito no último terço do século XIII, esse texto, cujos cento e setenta e oito capítulos ocupam mais de mil páginas nas edições Plêiade, foi objeto de mais de mil manuscritos medievais até hoje conservados

, o que, neste caso, dá-lhe o primeiro lugar na Idade Média depois da Bíblia.
A partir da segunda metade do século XV, quando se desenvolve a tipografia, A Lenda Dourada conserva por longo tempo o primeiro lugar entre os livros impressos.
Com a diferença, em relação à maior parte das obras da Idade Média, que, geralmente destinadas a um público de clérigos e a um número limitado de leigos instruídos, eram redigidas em latim, A Lenda Dourada muito cedo foi traduzida para a língua vulgar.
Há, quanto à Idade Média, dez edições em italiano, dezessete em francês, dez em holandês, dezoito em alto-alemão, sete em baixo-alemão, três em tcheco e quatro em inglês, quer dizer, um total de sessenta e nove edições.
As versões impressas são ainda mais numerosas. Quarenta e nove entre 1470 e 1500, vinte e oito entre 1500 e 1530, treze apenas entre 1551 e 1560, e a última edição em língua vernácula saiu em italiano em 1613.
A celebridade de A Lenda Dourada nasce, assim, do fato de ter sido produzida e posta em circulação nesse momento essencial da história da escrita em que as línguas vernáculas começam a concorrer com o latim, em que um número crescente de leigos se torna capaz de ler e em que se chega ao fim da leitura em voz alta, a única praticada na alta Idade Média, para iniciar-se a expansão da leitura silenciosa.
Isso permite, mais ou menos a partir da metade do século XIII, a leitura individual. A Lenda Dourada se beneficia, assim, de circunstâncias históricas excepcionais. Tem a oportunidade, como veremos, de aproveitar-se desses trunfos.
Não deixemos a época medieval das traduções da Lenda Dourada sem chamar a atenção para uma das mais célebres, aquela que o tradutor titular do rei de França Carlos V, Jean du Vignay, executou sob as ordens reais na segunda metade do século XIV.
Entre 1260, data provável do início da redação, e sua morte em 1297, o autor, o dominicano Tiago de Varazze, não poucas vezes enriqueceu ou modificou sua obra.
Da mesma forma, os copistas do texto latino e os tradutores em língua vernácula de modos diversos alteraram o texto da Lenda Dourada.
Assim, apesar de recentes e excelentes edições e traduções realizadas a partir de manuscritos selecionados e estabelecidos de acordo com os melhores métodos científicos - e sobre essas edições e traduções nos apoiaremos -, o texto de todos os manuscritos conservados da Lenda Dourada não foi completamente explorado e, desse modo, permanece vivo e em evolução.

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A Lenda Dourada é extraordinária ao mesmo tempo em si mesma e por seu destino. Escrito no último terço do século XIII, esse texto, cujos cento e setenta e oito capítulos ocupam mais de mil páginas nas edições Plêiade, foi objeto de mais de mil manuscritos medievais até hoje conservados, o que, neste caso, dá-lhe o primeiro lugar na Idade Média depois da Bíblia.
A partir da segunda metade do século XV, quando se desenvolve a tipografia, A Lenda Dourada conserva por longo tempo o primeiro lugar entre os livros impressos.
Com a diferença, em relação à maior parte das obras da Idade Média, que, geralmente destinadas a um público de clérigos e a um número limitado de leigos instruídos, eram redigidas em latim, A Lenda Dourada muito cedo foi traduzida para a língua vulgar.
Há, quanto à Idade Média, dez edições em italiano, dezessete em francês, dez em holandês, dezoito em alto-alemão, sete em baixo-alemão, três em tcheco e quatro em inglês, quer dizer, um total de sessenta e nove edições.
As versões impressas são ainda mais numerosas. Quarenta e nove entre 1470 e 1500, vinte e oito entre 1500 e 1530, treze apenas entre 1551 e 1560, e a última edição em língua vernácula saiu em italiano em 1613.
A celebridade de A Lenda Dourada nasce, assim, do fato de ter sido produzida e posta em circulação nesse momento essencial da história da escrita em que as línguas vernáculas começam a concorrer com o latim, em que um número crescente de leigos se torna capaz de ler e em que se chega ao fim da leitura em voz alta, a única praticada na alta Idade Média, para iniciar-se a expansão da leitura silenciosa.
Isso permite, mais ou menos a partir da metade do século XIII, a leitura individual. A Lenda Dourada se beneficia, assim, de circunstâncias históricas excepcionais. Tem a oportunidade, como veremos, de aproveitar-se desses trunfos.
Não deixemos a época medieval das traduções da Lenda Dourada sem chamar a atenção para uma das mais célebres, aquela que o tradutor titular do rei de França Carlos V, Jean du Vignay, executou sob as ordens reais na segunda metade do século XIV.
Entre 1260, data provável do início da redação, e sua morte em 1297, o autor, o dominicano Tiago de Varazze, não poucas vezes enriqueceu ou modificou sua obra.
Da mesma forma, os copistas do texto latino e os tradutores em língua vernácula de modos diversos alteraram o texto da Lenda Dourada.
Assim, apesar de recentes e excelentes edições e traduções realizadas a partir de manuscritos selecionados e estabelecidos de acordo com os melhores métodos científicos – e sobre essas edições e traduções nos apoiaremos -, o texto de todos os manuscritos conservados da Lenda Dourada não foi completamente explorado e, desse modo, permanece vivo e em evolução.

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