Andrew Feenberg: Racionalização Democrática, Poder E Tecnologia

Uma teoria crítica da tecnologia para as condições contemporâneas é, hoje, preocupação de uma parte da filosofia e da sociologia das ciências e da tecnologia. Tal preocupação é tributária das correntes dos Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia que proliferaram a partir dos anos 1980.

Também chamadas de construtivistas ou socioconstrutivistas suas pesquisas lançam o olhar para captar onde e como estão fincadas as raízes sociais do conhecimento e da tecnologia como racionalidade instrumental em seu trânsito no mundo do poder, do mercado e da democracia.
Para introduzir a obra do filósofo contemporâneo Andrew Feenberg, representada por nove artigos neste volume-coletânea, observo as perspectivas de valores envolvidos e situo vertentes distintas: a instrumentalista, a determinista, a substantivista da tecnologia e a teoria crítica da tecnologia. Destas vertentes, farei uma descrição mais concentrada da quarta e última visão, a da teoria crítica da tecnologia, na qual se situa a obra de Feenberg. Ele dialoga e polemiza com as demais perspectivas e assim renova a matriz crítica sobre racionalidade instrumental e tecnologia na tradição da Escola de Frankfurt.
O senso comum percebe um sistema técnico como um suporte instrumental para realizar valores e desejos, e, como tal, é parte do poder. Mas os meios tecnológicos, em si, seriam neutros, pois são vistos como instrumentos deste poder. Este é que varia. Os meios técnicos apesar de todos os desastres, continuam supostamente seguros. Esta vertente foi elaborada pela reflexão filosófica sob a perspectiva do instrumentalismo como relação marcante com o fenômeno técnico (vamos chamá-la de PER1).
Para que esta tecnologia-cadeado seja social e economicamente ratificada é necessário outro componente para o qual serão chamadas as ciências sociais e humanas. É preciso construir a convicção de que a melhor tecnologia vai ser adotada. Mas qual o modelo do melhor estado da arte? Isto nunca é pacífico.
As disputas entre as partes pela inovação sob o capitalismo envolvem algo mais. É preciso o instrumentalismo de PER1, mas sem a convicção, fé e ideologia determinista (PER2) as coisas não andam. É necessário difundir que a modernização tecnológica da sociedade é o objetivo central do progresso e vice-versa.
A necessidade social de dispormos da melhor tecnologia para construir pontes, será guiada pelo melhor estado da arte para construir pontes. Uma tecnologia assim deve ser eficaz em qualquer lugar do planeta. Logo, não se coloca para PER1 se há ou não outros valores que não a eficácia. Coloca-se a questão: qual o melhor estado da técnica de construir pontes? Desta escolha decorre o resto.

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Uma teoria crítica da tecnologia para as condições contemporâneas é, hoje, preocupação de uma parte da filosofia e da sociologia das ciências e da tecnologia. Tal preocupação é tributária das correntes dos Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia que proliferaram a partir dos anos 1980. Também chamadas de construtivistas ou socioconstrutivistas suas pesquisas lançam o olhar para captar onde e como estão fincadas as raízes sociais do conhecimento e da tecnologia como racionalidade instrumental em seu trânsito no mundo do poder, do mercado e da democracia.
Para introduzir a obra do filósofo contemporâneo Andrew Feenberg, representada por nove artigos neste volume-coletânea, observo as perspectivas de valores envolvidos e situo vertentes distintas: a instrumentalista, a determinista, a substantivista da tecnologia e a teoria crítica da tecnologia. Destas vertentes, farei uma descrição mais concentrada da quarta e última visão, a da teoria crítica da tecnologia, na qual se situa a obra de Feenberg. Ele dialoga e polemiza com as demais perspectivas e assim renova a matriz crítica sobre racionalidade instrumental e tecnologia na tradição da Escola de Frankfurt.
O senso comum percebe um sistema técnico como um suporte instrumental para realizar valores e desejos, e, como tal, é parte do poder. Mas os meios tecnológicos, em si, seriam neutros, pois são vistos como instrumentos deste poder. Este é que varia. Os meios técnicos apesar de todos os desastres, continuam supostamente seguros. Esta vertente foi elaborada pela reflexão filosófica sob a perspectiva do instrumentalismo como relação marcante com o fenômeno técnico (vamos chamá-la de PER1).
Para que esta tecnologia-cadeado seja social e economicamente ratificada é necessário outro componente para o qual serão chamadas as ciências sociais e humanas. É preciso construir a convicção de que a melhor tecnologia vai ser adotada. Mas qual o modelo do melhor estado da arte? Isto nunca é pacífico.
As disputas entre as partes pela inovação sob o capitalismo envolvem algo mais. É preciso o instrumentalismo de PER1, mas sem a convicção, fé e ideologia determinista (PER2) as coisas não andam. É necessário difundir que a modernização tecnológica da sociedade é o objetivo central do progresso e vice-versa.
A necessidade social de dispormos da melhor tecnologia para construir pontes, será guiada pelo melhor estado da arte para construir pontes. Uma tecnologia assim deve ser eficaz em qualquer lugar do planeta. Logo, não se coloca para PER1 se há ou não outros valores que não a eficácia. Coloca-se a questão: qual o melhor estado da técnica de construir pontes? Desta escolha decorre o resto.

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