O Cânone Visual

O Cânone Visual investiga a emergência da imagem de arte como objeto da análise do discurso (AD). Concebido no final da década de 1960 por Michel Pêcheux e Jean Dubois, na França, esse campo do saber sofreu consecutivas modificações e frequentes influências, entre as quais destacamos o pensamento de Michel Foucault.


A influência da obra de Foucault na AD foi decisiva para a instauração de uma vertente de estudos do discurso no Brasil, a partir dos anos 1990. Inicialmente formulada para a investigação do discurso político escrito, a análise do discurso reformulou seu aparato teórico e conceitual em função da mutação de seus objetos ao longo da história.
O Cânone Visual retoma a história dessa disciplina para demarcar em quais momentos, especificamente, houve uma abertura em seu projeto – a partir da qual se permitiu estudar as imagens de arte como componentes de um discurso.
Entendemos como discurso a produção de sentidos, realizada por sujeitos histórico-sociais, por meio da materialidade da linguagem. A particularidade de O Cânone Visual consiste em investigar a materialidade própria das pinturas e o seu funcionamento na teoria do discurso.
Algumas imagens de arte são tão presentes no imaginário social que retornam a todo instante. Essas imagens ocupam lugares estabilizados historicamente pelas instituições de ensino, tradições de crítica e classes sociais dominantes: elas constituem o que chamamos de cânone imagético ocidental.
Obviamente, esse acervo de imagens partilhadas não se reduz às belas-artes, mas se estende a um conjunto indefinido de referências picturais disseminado e compartilhado não só por museus, escolas ou livros especializados, mas, ainda, pelas mídias. As imagens de arte, por essa razão, são resgatadas e transformadas segundo as necessidades de cada discurso.
A publicidade, por exemplo, às vezes se utiliza desse repositório de imagens estabilizadas em uma sociedade para atribuir-lhes novos efeitos de sentido.
Vejamos, por exemplo, a imagem Cristo crucificado (disponível em: <https://www.museodelprado.es/coleccion/galeria-on-line/galeria-on-line/obra/cristo-crucificado-1/>). O corpo esguio de Cristo é uma das principais características observadas na pintura original de Diego Velásquez, datada de cerca de 1632. A representação desse corpo é fruto de estudos feitos pelo artista na Itália entre 1629 e 1630 sobre os nus de obras clássicas.

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O Cânone Visual investiga a emergência da imagem de arte como objeto da análise do discurso (AD). Concebido no final da década de 1960 por Michel Pêcheux e Jean Dubois, na França, esse campo do saber sofreu consecutivas modificações e frequentes influências, entre as quais destacamos o pensamento de Michel Foucault.
A influência da obra de Foucault na AD foi decisiva para a instauração de uma vertente de estudos do discurso no Brasil, a partir dos anos 1990. Inicialmente formulada para a investigação do discurso político escrito, a análise do discurso reformulou seu aparato teórico e conceitual em função da mutação de seus objetos ao longo da história.
O Cânone Visual retoma a história dessa disciplina para demarcar em quais momentos, especificamente, houve uma abertura em seu projeto – a partir da qual se permitiu estudar as imagens de arte como componentes de um discurso.
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Algumas imagens de arte são tão presentes no imaginário social que retornam a todo instante. Essas imagens ocupam lugares estabilizados historicamente pelas instituições de ensino, tradições de crítica e classes sociais dominantes: elas constituem o que chamamos de cânone imagético ocidental.
Obviamente, esse acervo de imagens partilhadas não se reduz às belas-artes, mas se estende a um conjunto indefinido de referências picturais disseminado e compartilhado não só por museus, escolas ou livros especializados, mas, ainda, pelas mídias. As imagens de arte, por essa razão, são resgatadas e transformadas segundo as necessidades de cada discurso.
A publicidade, por exemplo, às vezes se utiliza desse repositório de imagens estabilizadas em uma sociedade para atribuir-lhes novos efeitos de sentido.
Vejamos, por exemplo, a imagem Cristo crucificado (disponível em: <https://www.museodelprado.es/coleccion/galeria-on-line/galeria-on-line/obra/cristo-crucificado-1/>). O corpo esguio de Cristo é uma das principais características observadas na pintura original de Diego Velásquez, datada de cerca de 1632. A representação desse corpo é fruto de estudos feitos pelo artista na Itália entre 1629 e 1630 sobre os nus de obras clássicas.

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