O Fator Churchill

Quando eu era criança não havia a menor sombra de dúvida a respeito: Churchill era, de longe, o maior estadista que a Inglaterra já havia produzido. Desde a mais tenra idade, eu tinha uma ideia bastante clara acerca do que ele havia feito

: a despeito de todas as probabilidades contrárias, Churchill conduzira meu país a uma vitória contra tudo e contra todos e contra uma das mais odiosas tiranias que o mundo já viu.
Eu conhecia os aspectos essenciais da história dele. Meu irmão Leo e eu costumávamos nos debruçar sobre uma biografia escrita por Martin Gilbert, estudando-a com tanto afinco e atenção que chegamos ao ponto de memorizar as legendas das fotografias.
Eu sabia que Churchill dominava com maestria a arte da retórica, e meu pai (como muitos dos nossos pais) recitava de cor algumas de suas frases mais famosas; e, já naquela época, eu sabia que essa arte estava agonizando. Eu sabia que Churchill era brincalhão e irreverente, e que, mesmo pelos padrões da nossa época, ele era politicamente incorreto.
À mesa do jantar, ouvíamos as histórias apócrifas: aquela segundo a qual Churchill estava no banheiro e, informado de que o Lord Privy Seal (Lorde Guardião do Selo do Monarca)[1] queria falar com ele, alegou estar sealed (trancado) no privy (reservado) etc. Conhecíamos a anedota em que a parlamentar Elizabeth (Bessie) Braddock supostamente acusou Churchill de estar “bêbado”, e ele, com extraordinária grosseria, teria respondido: “Bessie, minha querida, você é feia. Amanhã pelo menos eu estarei sóbrio, você continuará feia”.
Tenho a vaga impressão de que chegamos a ouvir também a história do ministro tóri e do soldado de regimento… Você, leitor, provavelmente, também deve conhecê-la, mas tudo bem. Outro dia ouvi a versão canônica da boca de Sir Nicholas Soames, neto de Churchill, durante um almoço no Savoy.
Mesmo dando o crédito a Soames por sua habilidade como exímio contador de histórias, o relato tem um quê de verdade e nos mostra algo acerca de um dos temas fundamentais deste livro: a largueza de coração de Churchill.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

O Fator Churchill

Quando eu era criança não havia a menor sombra de dúvida a respeito: Churchill era, de longe, o maior estadista que a Inglaterra já havia produzido. Desde a mais tenra idade, eu tinha uma ideia bastante clara acerca do que ele havia feito: a despeito de todas as probabilidades contrárias, Churchill conduzira meu país a uma vitória contra tudo e contra todos e contra uma das mais odiosas tiranias que o mundo já viu.
Eu conhecia os aspectos essenciais da história dele. Meu irmão Leo e eu costumávamos nos debruçar sobre uma biografia escrita por Martin Gilbert, estudando-a com tanto afinco e atenção que chegamos ao ponto de memorizar as legendas das fotografias.
Eu sabia que Churchill dominava com maestria a arte da retórica, e meu pai (como muitos dos nossos pais) recitava de cor algumas de suas frases mais famosas; e, já naquela época, eu sabia que essa arte estava agonizando. Eu sabia que Churchill era brincalhão e irreverente, e que, mesmo pelos padrões da nossa época, ele era politicamente incorreto.
À mesa do jantar, ouvíamos as histórias apócrifas: aquela segundo a qual Churchill estava no banheiro e, informado de que o Lord Privy Seal (Lorde Guardião do Selo do Monarca)[1] queria falar com ele, alegou estar sealed (trancado) no privy (reservado) etc. Conhecíamos a anedota em que a parlamentar Elizabeth (Bessie) Braddock supostamente acusou Churchill de estar “bêbado”, e ele, com extraordinária grosseria, teria respondido: “Bessie, minha querida, você é feia. Amanhã pelo menos eu estarei sóbrio, você continuará feia”.
Tenho a vaga impressão de que chegamos a ouvir também a história do ministro tóri e do soldado de regimento… Você, leitor, provavelmente, também deve conhecê-la, mas tudo bem. Outro dia ouvi a versão canônica da boca de Sir Nicholas Soames, neto de Churchill, durante um almoço no Savoy.
Mesmo dando o crédito a Soames por sua habilidade como exímio contador de histórias, o relato tem um quê de verdade e nos mostra algo acerca de um dos temas fundamentais deste livro: a largueza de coração de Churchill.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog