Xigubo

O estudo da poesia de José Craveirinha requer um entendimento, mínimo que seja, da história de Moçambique, pois, de modo diferente, a leitura de sua poesia pode resultar parcial.

Se cada poeta cria a partir de sua presença no seu mundo e dos cidadãos de seu tempo, José Craveirinha confirma a experiência como um motivo da construção literária.
E é dentro desse tempo de silenciamento e de repressão que Craveirinha publica Xigubo, em 1958. Muitos países da África viviam a eferverência dos movimentos de libertação nacional, como é o caso de Angola e Moçambique, considerando-se que, em 1959, mediante uma guerra sangrenta, a Argélia conquistou a sua independência, fortalecendo de modo incisivo as lutas dos demais países africanos contra o colonialismo.
Se o tempo era repressivo contra qualquer manifestação de sonho e de liberdade, José Craveirinha faz da poesia um lugar de construção de utopias, dando voz a desejos reprimidos de moçambicanos e de africanos de modo geral. A palavra Xigubo significa “grito de guerra” e aparece como uma espécie de manifesto em que a linguagem coloca em cena um mundo africano desconfigurado pela ocupação colonial e que precisa recuperar valores e referências da ancestralidade para construir a nação.
A poesia é entendida em Xigubo como palavra para ser pronunciada em voz alta, não na intimidade, mas na força coletiva da expressão de sonhos e desejos. O movimento da linguagem é o movimento da dança em que, reunidos, num ritual ancestral, os homens encontrariam o diálogo entre o passado e o presente, e poderiam construir a harmonia do devir. A utopia cristaliza-se como força propulsora da poesia que encontra na linguagem viril do poeta a energia coletiva necessária para promover a transformação daquela realidade de Moçambique, há cerca de uma década do que viria a ocorrer no futuro. Assim, a poesia é o lugar da liberdade e se torna, por excelência, o terreno da subversão do silêncio do qual os africanos eram vítimas, incorporando gestos, sons, cantos, num diapasão entre as formas.

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E é dentro desse tempo de silenciamento e de repressão que Craveirinha publica Xigubo, em 1958. Muitos países da África viviam a eferverência dos movimentos de libertação nacional, como é o caso de Angola e Moçambique, considerando-se que, em 1959, mediante uma guerra sangrenta, a Argélia conquistou a sua independência, fortalecendo de modo incisivo as lutas dos demais países africanos contra o colonialismo.
Se o tempo era repressivo contra qualquer manifestação de sonho e de liberdade, José Craveirinha faz da poesia um lugar de construção de utopias, dando voz a desejos reprimidos de moçambicanos e de africanos de modo geral. A palavra Xigubo significa “grito de guerra” e aparece como uma espécie de manifesto em que a linguagem coloca em cena um mundo africano desconfigurado pela ocupação colonial e que precisa recuperar valores e referências da ancestralidade para construir a nação.
A poesia é entendida em Xigubo como palavra para ser pronunciada em voz alta, não na intimidade, mas na força coletiva da expressão de sonhos e desejos. O movimento da linguagem é o movimento da dança em que, reunidos, num ritual ancestral, os homens encontrariam o diálogo entre o passado e o presente, e poderiam construir a harmonia do devir. A utopia cristaliza-se como força propulsora da poesia que encontra na linguagem viril do poeta a energia coletiva necessária para promover a transformação daquela realidade de Moçambique, há cerca de uma década do que viria a ocorrer no futuro. Assim, a poesia é o lugar da liberdade e se torna, por excelência, o terreno da subversão do silêncio do qual os africanos eram vítimas, incorporando gestos, sons, cantos, num diapasão entre as formas.

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