Um País Sem Excelências E Mordomias

Ler Um País Sem Excelências E Mordomias é algo obrigatório para todo deputado, senador, ministro, juiz, desembargador, governador, presidente, secretário, prefeito, vereador. E sobretudo para o eleitor. Para ele, é quase um guia de sobrevivência na selva da política brasileira.


Claudia Wallin trata da Suécia mas é impossível não pensar no Brasil a cada parágrafo. Com cinismo, cólera, amargura. Ou com esperança. Porque não? Afinal, prova que existem políticos que desconhecem o tratamento de “Excelência”.
Que não tem mordomias, não aumentam seu próprio salário, não tem gabinete próprio. Que usam transporte público e não estão na vida pública para fazer fortuna. E que respeitam – e muito — o eleitor. Um sistema apoiado em três pilares: transparência, escolaridade e igualdade. Um dia, quem sabe, chegaremos lá. Ler e se envergonhar com estas páginas pode ser o começo.
A incipiente democracia brasileira vive uma situação sui generis. Ser político e alto servidor público transformou­-se numa profissão que confere à pessoa enormes confortos e mordomias e altíssimos lucros. Empresários podem ser ministros, ou ministros ou altos secretários se transformam em banqueiros, depois de seus controvertidos mandatos. Deputados e senadores costumam ser empresários ou delegados de corporações empresariais ou agrárias.
O sistema de governo é de República Presidencialista, com um Executivo, um Legislativo e um Judiciário, mas, que coisa estranha, o Judiciário legisla, o Legislativo participa do Executivo, nomeando ministros, secretários e altos funcionários de bancos e estatais, e o Executivo também legisla... A “res publica”, a coisa pública, torna­-se imediatamente propriedade privada, de pessoas, grupos e corporações.
Por que um partido quer cargos no Executivo? Se fosse para ajudar a governar seria uma maravilha, mas geralmente é para empregar parentes, correligionários e aplicar recursos, comprar e vender, levando a inevitável comissão, a propina, aquilo que os líderes partidários chamam eufemisticamente de “estrutura”. Que não se ofereça a essa gente ministérios sem “estrutura”. Recusarão, ofendidos.
Como os negócios públicos precisam gerar recursos privados para as campanhas eleitorais e bolsos pessoais, surge então a figura do doleiro, do “laranja”, da empresa fantasma que receberá e distribuirá as propinas – e acabarão, porque existe imprensa livre nessa democracia, nas páginas dos jornais, nem sempre porque um grande jornalista descobriu a tramoia, mas porque um inimigo político do denunciado vazou documentos ou forjou um dossiê a respeito. Pobres jornalistas... Muitos deles acabam manipulados ou usados no contexto dessa verdadeira guerra entre quadrilhas de politiqueiros e negociantes.

  

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  1. A autora faz uma comparação intrigante entre um país com o tamanho do estado de Minas Gerais e com a quantidade de habitantes do Piauí, que nunca foi colônia e nunca teve como base econômica a escravidão como o Brasil. Cabe o leitor, com seu conhecimento de mundo, equalizar estas desproporções e não se deixar levar por considerações supérfluas.

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Ler Um País Sem Excelências E Mordomias é algo obrigatório para todo deputado, senador, ministro, juiz, desembargador, governador, presidente, secretário, prefeito, vereador. E sobretudo para o eleitor. Para ele, é quase um guia de sobrevivência na selva da política brasileira.
Claudia Wallin trata da Suécia mas é impossível não pensar no Brasil a cada parágrafo. Com cinismo, cólera, amargura. Ou com esperança. Porque não? Afinal, prova que existem políticos que desconhecem o tratamento de “Excelência”.
Que não tem mordomias, não aumentam seu próprio salário, não tem gabinete próprio. Que usam transporte público e não estão na vida pública para fazer fortuna. E que respeitam – e muito — o eleitor. Um sistema apoiado em três pilares: transparência, escolaridade e igualdade. Um dia, quem sabe, chegaremos lá. Ler e se envergonhar com estas páginas pode ser o começo.
A incipiente democracia brasileira vive uma situação sui generis. Ser político e alto servidor público transformou­-se numa profissão que confere à pessoa enormes confortos e mordomias e altíssimos lucros. Empresários podem ser ministros, ou ministros ou altos secretários se transformam em banqueiros, depois de seus controvertidos mandatos. Deputados e senadores costumam ser empresários ou delegados de corporações empresariais ou agrárias.
O sistema de governo é de República Presidencialista, com um Executivo, um Legislativo e um Judiciário, mas, que coisa estranha, o Judiciário legisla, o Legislativo participa do Executivo, nomeando ministros, secretários e altos funcionários de bancos e estatais, e o Executivo também legisla… A “res publica”, a coisa pública, torna­-se imediatamente propriedade privada, de pessoas, grupos e corporações.
Por que um partido quer cargos no Executivo? Se fosse para ajudar a governar seria uma maravilha, mas geralmente é para empregar parentes, correligionários e aplicar recursos, comprar e vender, levando a inevitável comissão, a propina, aquilo que os líderes partidários chamam eufemisticamente de “estrutura”. Que não se ofereça a essa gente ministérios sem “estrutura”. Recusarão, ofendidos.
Como os negócios públicos precisam gerar recursos privados para as campanhas eleitorais e bolsos pessoais, surge então a figura do doleiro, do “laranja”, da empresa fantasma que receberá e distribuirá as propinas – e acabarão, porque existe imprensa livre nessa democracia, nas páginas dos jornais, nem sempre porque um grande jornalista descobriu a tramoia, mas porque um inimigo político do denunciado vazou documentos ou forjou um dossiê a respeito. Pobres jornalistas… Muitos deles acabam manipulados ou usados no contexto dessa verdadeira guerra entre quadrilhas de politiqueiros e negociantes.

  

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  1. A autora faz uma comparação intrigante entre um país com o tamanho do estado de Minas Gerais e com a quantidade de habitantes do Piauí, que nunca foi colônia e nunca teve como base econômica a escravidão como o Brasil. Cabe o leitor, com seu conhecimento de mundo, equalizar estas desproporções e não se deixar levar por considerações supérfluas.

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