Lira Dissonante

Fabiano Rodrigo Da Silva Santos - Lira Dissonante

Lira Dissonante tem como objeto a poesia de Bernardo Guimarães e Cruz e Sousa, buscando investigar os elementos grotescos por eles explorados.

A escolha dessa categoria estética como eixo de nossas investigações deve‑se ao fato de a crítica até o momento ter dedicado pouca atenção à participação do grotesco no universo estético desses autores.

Além disso, o grotesco abre caminho para a compreensão da lírica brasileira do século XIX por um viés diretamente ligado à poética moderna.

Isso porque o grotesco – com seus efeitos dissonantes, forma distorcida e exploração de temas marginais – permite vislumbrar, em pleno Brasil oitocentista, o desenvolvimento de obras esteticamente ousadas e críticas, relacionadas intertextualmente a tradições europeias pouco rastreadas em nosso país em termos de suas reverberações.

A presença do grotesco em Bernardo Guimarães e Cruz e Sousa oferece uma perspectiva de análise da lírica romântica brasileira que vai além do quadro canônico usualmente levado em conta.

Pertencentes a estágios distintos de nossa história literária – romantismo e simbolismo –, os dois poetas, não obstante, compartilham aspectos e procedimentos composicionais, sendo o ponto de intersecção o grotesco.

De fato, o grotesco imprime nesses dois poetas, inseridos e formados em ambiente cultural conservador, laivos de rebeldia e propensão a inovações estéticas que os afastam em boa medida da lírica tradicional.

À sombra do grotesco é possível observar surpreendentes tensões – típicas da modernidade – no contexto cultural brasileiro do século XIX, o qual notoriamente estava tanto submetido a relações de dependência aos países desenvolvidos da Europa como distante do progresso técnico que motivou as reações estéticas modernas.

Mediante o prisma do grotesco, tornam‑se visíveis manifestações veladas e silenciosas de nossa poesia que se sublevaram contra os ditames da cultura dominante e da literatura oficial.

Os recursos de expressão do grotesco empregados na lírica brasileira do século XIX preservam em seu cerne aspectos significativos dos postulados basilares do romantismo.

Isso nos permite constatar que a história dessa categoria estética é mais ramificada do que se supõe e que os vínculos da literatura brasileira com a europeia não são pautados na mera reprodução de modelos, mas no compartilhamento de necessidades expressionais.

 

http://livrandante.com.br/contribuicao/caneca-de-tanto-ler-e-imaginar-branca/

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Fabiano Rodrigo Da Silva Santos – Lira Dissonante

Lira Dissonante tem como objeto a poesia de Bernardo Guimarães e Cruz e Sousa, buscando investigar os elementos grotescos por eles explorados.

A escolha dessa categoria estética como eixo de nossas investigações deve‑se ao fato de a crítica até o momento ter dedicado pouca atenção à participação do grotesco no universo estético desses autores.

Além disso, o grotesco abre caminho para a compreensão da lírica brasileira do século XIX por um viés diretamente ligado à poética moderna.

Isso porque o grotesco – com seus efeitos dissonantes, forma distorcida e exploração de temas marginais – permite vislumbrar, em pleno Brasil oitocentista, o desenvolvimento de obras esteticamente ousadas e críticas, relacionadas intertextualmente a tradições europeias pouco rastreadas em nosso país em termos de suas reverberações.

A presença do grotesco em Bernardo Guimarães e Cruz e Sousa oferece uma perspectiva de análise da lírica romântica brasileira que vai além do quadro canônico usualmente levado em conta.

Pertencentes a estágios distintos de nossa história literária – romantismo e simbolismo –, os dois poetas, não obstante, compartilham aspectos e procedimentos composicionais, sendo o ponto de intersecção o grotesco.

De fato, o grotesco imprime nesses dois poetas, inseridos e formados em ambiente cultural conservador, laivos de rebeldia e propensão a inovações estéticas que os afastam em boa medida da lírica tradicional.

À sombra do grotesco é possível observar surpreendentes tensões – típicas da modernidade – no contexto cultural brasileiro do século XIX, o qual notoriamente estava tanto submetido a relações de dependência aos países desenvolvidos da Europa como distante do progresso técnico que motivou as reações estéticas modernas.

Mediante o prisma do grotesco, tornam‑se visíveis manifestações veladas e silenciosas de nossa poesia que se sublevaram contra os ditames da cultura dominante e da literatura oficial.

Os recursos de expressão do grotesco empregados na lírica brasileira do século XIX preservam em seu cerne aspectos significativos dos postulados basilares do romantismo.

Isso nos permite constatar que a história dessa categoria estética é mais ramificada do que se supõe e que os vínculos da literatura brasileira com a europeia não são pautados na mera reprodução de modelos, mas no compartilhamento de necessidades expressionais.

 

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