Filosofia Do Desapego

No Fédon, Platão definiu a Κάθαρσις como sendo a separação da alma do corpo. O conceito transposto para a ascese do desejo, um dos exercícios espirituais preceituados por Epicteto em sua filosofia, foi transmudado para se adequar ao princípio máximo de Zenão

– aquele que recomenda – o viver segundo a natureza.
Aos olhos de Epicteto somente uma via levará à observação rigorosa da recomendação zenoniana: o apoderamento da liberdade sobre a base do desprendimento corpóreo.
... Das coisas que são (ton onton) umas dependem de nós, outras, não dependem de nós (ta de ouk eph’hemin)... Eph’hemin é a combinação exígua de palavras, por meio das quais, Epicteto expressou a alma e o coração de sua Filosofia. Com elas e por elas indicou não somente um sistema de compreensão da vida em geral, abrangendo inclusive toda uma ciência e uma arte de viver, como também um plexo férreo de diretrizes da conduta, com vistas à aquisição das qualidades capazes de tornar o homem livre e ipso facto feliz.
O pugilo de palavras se encontra nas Lições de Epicteto, e no Enquirídio a título de introdução ao pensar do filósofo estoico. Flavio Arriano parece haver alcançado a compreensão de que a cisão de caráter ético-ontológico, isto é, a separação das coisas em próprias e alheias, era a viga mestra, a pedra angular de todo o sistema filosófico praticado por Epicteto.
A locução eph’hemin combina a preposição epi “sobre” com o pronome pessoal locativo hemin “nós”. Epi mais locativo significa, em cima, sobre, indicando contato pleno, estático. A combinação da preposição epi com o dativo resulta no seguinte significado, segundo o exemplo a seguir, to ep’emoi traduz-se assim: no que está sobre mim, isto é, quanto a mim, no que me concerne.
A junção dos dois vocábulos é comumente traduzida do grego, seja para o francês, para o espanhol ou para o português, utilizando-se a palavra “depender”. O que quer dizer que a preposição epi é vertida na palavra “depende”. Não rejeitamos de todo a tradição de tradução dos termos de que tratamos, mas preferimos acrescentar também outras palavras que auxiliem a expressar com clareza o sentido técnico desse termo tão utilizado por Epicteto e considerado por todos como a sua maior contribuição à história da Filosofia.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Filosofia Do Desapego

No Fédon, Platão definiu a Κάθαρσις como sendo a separação da alma do corpo. O conceito transposto para a ascese do desejo, um dos exercícios espirituais preceituados por Epicteto em sua filosofia, foi transmudado para se adequar ao princípio máximo de Zenão – aquele que recomenda – o viver segundo a natureza.
Aos olhos de Epicteto somente uma via levará à observação rigorosa da recomendação zenoniana: o apoderamento da liberdade sobre a base do desprendimento corpóreo.
… Das coisas que são (ton onton) umas dependem de nós, outras, não dependem de nós (ta de ouk eph’hemin)… Eph’hemin é a combinação exígua de palavras, por meio das quais, Epicteto expressou a alma e o coração de sua Filosofia. Com elas e por elas indicou não somente um sistema de compreensão da vida em geral, abrangendo inclusive toda uma ciência e uma arte de viver, como também um plexo férreo de diretrizes da conduta, com vistas à aquisição das qualidades capazes de tornar o homem livre e ipso facto feliz.
O pugilo de palavras se encontra nas Lições de Epicteto, e no Enquirídio a título de introdução ao pensar do filósofo estoico. Flavio Arriano parece haver alcançado a compreensão de que a cisão de caráter ético-ontológico, isto é, a separação das coisas em próprias e alheias, era a viga mestra, a pedra angular de todo o sistema filosófico praticado por Epicteto.
A locução eph’hemin combina a preposição epi “sobre” com o pronome pessoal locativo hemin “nós”. Epi mais locativo significa, em cima, sobre, indicando contato pleno, estático. A combinação da preposição epi com o dativo resulta no seguinte significado, segundo o exemplo a seguir, to ep’emoi traduz-se assim: no que está sobre mim, isto é, quanto a mim, no que me concerne.
A junção dos dois vocábulos é comumente traduzida do grego, seja para o francês, para o espanhol ou para o português, utilizando-se a palavra “depender”. O que quer dizer que a preposição epi é vertida na palavra “depende”. Não rejeitamos de todo a tradição de tradução dos termos de que tratamos, mas preferimos acrescentar também outras palavras que auxiliem a expressar com clareza o sentido técnico desse termo tão utilizado por Epicteto e considerado por todos como a sua maior contribuição à história da Filosofia.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog