A Ética Da Liberdade

O professor Hans-Hermann Hoppe, em sua nova e extraordinária introdução do livro A Ética da Liberdade, acerta magistralmente o alvo. Ele faz um contraste entre Murray Rothbard e Robert Nozick, uma figura muito mais famosa entre os filósofos acadêmicos e os teóricos políticos.

Embora ambos os escritores abracem o libertarianismo (Nozick de forma muito menos ardorosa e consistente do que Rothbard), seus estilos de pensamento são inteiramente diferentes. Nozick, segundo Hoppe, é impressionista e dado a voos de imaginação. Rothbard, por outro lado, raciocina a partir da estrita dedução de axiomas autoevidentes.
Concorde ou não com ele em relação a Nozick, ninguém pode contestar a acurácia da caracterização de Rothbard feita pelo professor Hoppe. Apesar de eu ter lido A Ética da Liberdade muitos anos antes de sua primeira publicação, e ter erroneamente pensado já conhecer bem o livro, relê-lo acabou por erradicar minha complacência. Rothbard é ainda mais consistente e rigoroso do que eu havia imaginado.
Uma única ilustração já basta. Como qualquer colegial sabe, Rothbard baseou toda a sua ética política no princípio da auto-propriedade (isto é, da soberania do indivíduo): cada pessoa é a dona legítima e de direito de seu próprio corpo. Poucos libertários discordariam dessa posição; mas poucos - talvez ninguém - perceberam as implicações desse princípio tão claramente quanto Rothbard.
Para muitos libertários, a liberdade de contrato é o fator essencial, o elemento indispensável, o objetivo supremo de uma sociedade livre. Mas como observa Rothbard, a ilimitada liberdade de contrato, longe de ser uma consequência da auto-propriedade, é na realidade uma contradição da mesma. É claro que, considerando-se a auto-propriedade, e o direito de adquirir propriedade ao se "misturar o trabalho" a uma propriedade sem dono, pode-se incorrer livremente em todos os tipos de contratos com terceiros.
Você não pode, portanto, vender-se à escravidão. Você pode voluntariamente submeter-se aos caprichos de terceiros; porém, caso mude de ideia, nenhuma força legal pode obrigá-lo a obedecer ordens de terceiros. Por que não? Porque, repetindo, o contrato não é algo absoluto: somente aquilo que cabe na ideia de auto-propriedade pode ser legalmente executável. Você pode entregar apenas a sua propriedade, e não você próprio.

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O professor Hans-Hermann Hoppe, em sua nova e extraordinária introdução do livro A Ética da Liberdade, acerta magistralmente o alvo. Ele faz um contraste entre Murray Rothbard e Robert Nozick, uma figura muito mais famosa entre os filósofos acadêmicos e os teóricos políticos. Embora ambos os escritores abracem o libertarianismo (Nozick de forma muito menos ardorosa e consistente do que Rothbard), seus estilos de pensamento são inteiramente diferentes. Nozick, segundo Hoppe, é impressionista e dado a voos de imaginação. Rothbard, por outro lado, raciocina a partir da estrita dedução de axiomas autoevidentes.
Concorde ou não com ele em relação a Nozick, ninguém pode contestar a acurácia da caracterização de Rothbard feita pelo professor Hoppe. Apesar de eu ter lido A Ética da Liberdade muitos anos antes de sua primeira publicação, e ter erroneamente pensado já conhecer bem o livro, relê-lo acabou por erradicar minha complacência. Rothbard é ainda mais consistente e rigoroso do que eu havia imaginado.
Uma única ilustração já basta. Como qualquer colegial sabe, Rothbard baseou toda a sua ética política no princípio da auto-propriedade (isto é, da soberania do indivíduo): cada pessoa é a dona legítima e de direito de seu próprio corpo. Poucos libertários discordariam dessa posição; mas poucos – talvez ninguém – perceberam as implicações desse princípio tão claramente quanto Rothbard.
Para muitos libertários, a liberdade de contrato é o fator essencial, o elemento indispensável, o objetivo supremo de uma sociedade livre. Mas como observa Rothbard, a ilimitada liberdade de contrato, longe de ser uma consequência da auto-propriedade, é na realidade uma contradição da mesma. É claro que, considerando-se a auto-propriedade, e o direito de adquirir propriedade ao se “misturar o trabalho” a uma propriedade sem dono, pode-se incorrer livremente em todos os tipos de contratos com terceiros.
Você não pode, portanto, vender-se à escravidão. Você pode voluntariamente submeter-se aos caprichos de terceiros; porém, caso mude de ideia, nenhuma força legal pode obrigá-lo a obedecer ordens de terceiros. Por que não? Porque, repetindo, o contrato não é algo absoluto: somente aquilo que cabe na ideia de auto-propriedade pode ser legalmente executável. Você pode entregar apenas a sua propriedade, e não você próprio.

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