Opção Preferencial Pela Riqueza

Desejo chegar a uma resposta plausível para a questão que enche toda esta obra e domina o momento atual brasileiro: a chamada "questão social". Se reconhecemos, em nosso país, a existência de contrastes excessivos de renda, fortuna, educação, saúde e cultura - que fazer para corrigir essa situação?

Insisto que a pergunta "que fazer?" encontra-se tanto no conservadorismo ético da razão prática de um Kant, quanto no título de um livro revolucionário de Lenin.
Pode-se, naturalmente, encolher os ombros diante da miséria. Podem-se aceitar as desigualdades. Pode-se mesmo enfatizá-las, glorificá-las nietzscheanamente, pretender que o darwinismo social selvagem constitua ideal de progresso: muita gente, hoje, exasperada com a retórica de esquerda, já aceitaria como legítima essa postura (é o caso do egoísmo heróico e "objetivista" da judia russa Ayn Rand, favorecida com um verdadeiro culto nos EUA!). No Brasil, esse tipo de reação é bastante comum - embora quase sempre silenciosa ou inconsciente. Há gente que pensa: negro é burro mesmo; o que se deve fazer é obrigá-lo a trabalhar (uma reação aliás mais encontradiça entre gente branca humilde do que na classe A...). Há também gente para a qual a questão social permanece, como antes de 1930, "uma questão de polícia"...
O reconhecimento do caráter excessivo, criticável e corrigível da miséria, da ignorância e da insalubridade da massa de nossa população constitui, no entanto, a postura oficial da parte mais esclarecida da elite brasileira. O protesto social pode ter sua origem em considerações políticas ou em cogitações religiosas. Pode ser uma reação simplesmente patriótica: envergonhamo-nos dos baixos índices sociais do país, quando confrontados com o paradigma estrangeiro.
O protesto é também fruto da compaixão. É certamente o resultado de uma educação cristã, sedimentada no que se chamaria o "inconsciente coletivo": consequência natural do imperativo de fraternidade humana, num sentimento talvez irracional, porém certamente efetivo e generalizado.
O problema social se reduziria, então, à escolha do método mais rápido ou adequado para a superação de uma situação reconhecida como insatisfatória. O imperativo do "desenvolvimento" brasileiro se prende, talvez, não tanto ao desejo positivo de adquirir um padrão de vida compatível com o nível geral da sociedade ocidental, quanto ao desejo mais imediato de supressão daquelas mazelas do subdesenvolvimento.

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Desejo chegar a uma resposta plausível para a questão que enche toda esta obra e domina o momento atual brasileiro: a chamada “questão social”. Se reconhecemos, em nosso país, a existência de contrastes excessivos de renda, fortuna, educação, saúde e cultura – que fazer para corrigir essa situação? Insisto que a pergunta “que fazer?” encontra-se tanto no conservadorismo ético da razão prática de um Kant, quanto no título de um livro revolucionário de Lenin.
Pode-se, naturalmente, encolher os ombros diante da miséria. Podem-se aceitar as desigualdades. Pode-se mesmo enfatizá-las, glorificá-las nietzscheanamente, pretender que o darwinismo social selvagem constitua ideal de progresso: muita gente, hoje, exasperada com a retórica de esquerda, já aceitaria como legítima essa postura (é o caso do egoísmo heróico e “objetivista” da judia russa Ayn Rand, favorecida com um verdadeiro culto nos EUA!). No Brasil, esse tipo de reação é bastante comum – embora quase sempre silenciosa ou inconsciente. Há gente que pensa: negro é burro mesmo; o que se deve fazer é obrigá-lo a trabalhar (uma reação aliás mais encontradiça entre gente branca humilde do que na classe A…). Há também gente para a qual a questão social permanece, como antes de 1930, “uma questão de polícia”…
O reconhecimento do caráter excessivo, criticável e corrigível da miséria, da ignorância e da insalubridade da massa de nossa população constitui, no entanto, a postura oficial da parte mais esclarecida da elite brasileira. O protesto social pode ter sua origem em considerações políticas ou em cogitações religiosas. Pode ser uma reação simplesmente patriótica: envergonhamo-nos dos baixos índices sociais do país, quando confrontados com o paradigma estrangeiro.
O protesto é também fruto da compaixão. É certamente o resultado de uma educação cristã, sedimentada no que se chamaria o “inconsciente coletivo”: consequência natural do imperativo de fraternidade humana, num sentimento talvez irracional, porém certamente efetivo e generalizado.
O problema social se reduziria, então, à escolha do método mais rápido ou adequado para a superação de uma situação reconhecida como insatisfatória. O imperativo do “desenvolvimento” brasileiro se prende, talvez, não tanto ao desejo positivo de adquirir um padrão de vida compatível com o nível geral da sociedade ocidental, quanto ao desejo mais imediato de supressão daquelas mazelas do subdesenvolvimento.

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