O Conceito De Comunicação Na Obra De Bateson

Tentar encontrar a melhor forma de compreender os processos pelos quais se organizam as relações entre os indivíduos não parece ser uma tarefa fácil. O século XX fica marcado pela emergência dos estudos que tentam explicar os processos de comunicação, parte integrante do nosso quotidiano.

Esta viragem em termos de objecto de estudo está ligada ao aparecimento da Cibernética e da Teoria dos Sistemas, que deslocaram o indivíduo para o seio do grupo, identificado, não como a soma das partes, mas pelas relações que mantêm entre si. A influência destas teorias é particularmente visível no pensamento de um autor, Gregory Bateson. Jovem antropólogo, com formação inicial no campo das ciências naturais, fica fascinado pelo estudo das relações humanas e dedica a vida ao conhecimento e compreensão das regras que regem as trocas de informação entre os indivíduos.
A uma formação inicialmente direccionada para o estudo dos fenómenos naturais, Bateson faz suceder a aplicação de construções teóricas desenvolvidas nesse domínio de estudos a outros campos de observação, nomeadamente o das ciências sociais, o que permitiria avaliar o potencial de generalização de cada descoberta. Esta aplicação fez com que considerasse as sociedades humanas semelhantes aos organismos individuais e o processo da evolução semelhante à aprendizagem individual.
A validade desta estratégia abdutiva repousa na ideia de que “os tipos de operação mental úteis na análise de um campo podem ser igualmente úteis noutro” e na “crença mística na
unidade predominante dos fenómenos do mundo”.
O pensamento de Bateson evolui mediante uma sucessão de níveis lógicos: começa pela observação de factos culturais e sociais, passa daí para a identificação de leis decorrentes das suas observações, avalia na fase seguinte o potencial de generalização dessas leis ao aplicá-las a outros fenómenos e, finalmente, formula postulados gerais relativos a realidades que apresentam características comuns.
A utilização do método abdutivo associada ao facto de ter trabalhado em diferentes contextos e sobre diferentes tipos de dados, permitiu-lhe desenvolver a ideia da unidade dos fenómenos do mundo e interessar-se pela teoria do conhecimento e pela epistemologia. Intelectual nómada, viajou pelo mundo e pelo conhecimento, sem nunca se fixar no conforto de uma corrente de pensamento. A procura do novo só iria cessar com a novidade da morte.
O objectivo do presente livro é, num primeiro momento, descrever o percurso científico de Bateson nos domínios da antropologia, psiquiatria, ecologia e epistemologia, para, num segundo momento, reflectir sobre a teoria do ser humano proposta pelo autor, enquadrando-a nos nossos dias.

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Tentar encontrar a melhor forma de compreender os processos pelos quais se organizam as relações entre os indivíduos não parece ser uma tarefa fácil. O século XX fica marcado pela emergência dos estudos que tentam explicar os processos de comunicação, parte integrante do nosso quotidiano. Esta viragem em termos de objecto de estudo está ligada ao aparecimento da Cibernética e da Teoria dos Sistemas, que deslocaram o indivíduo para o seio do grupo, identificado, não como a soma das partes, mas pelas relações que mantêm entre si. A influência destas teorias é particularmente visível no pensamento de um autor, Gregory Bateson. Jovem antropólogo, com formação inicial no campo das ciências naturais, fica fascinado pelo estudo das relações humanas e dedica a vida ao conhecimento e compreensão das regras que regem as trocas de informação entre os indivíduos.
A uma formação inicialmente direccionada para o estudo dos fenómenos naturais, Bateson faz suceder a aplicação de construções teóricas desenvolvidas nesse domínio de estudos a outros campos de observação, nomeadamente o das ciências sociais, o que permitiria avaliar o potencial de generalização de cada descoberta. Esta aplicação fez com que considerasse as sociedades humanas semelhantes aos organismos individuais e o processo da evolução semelhante à aprendizagem individual.
A validade desta estratégia abdutiva repousa na ideia de que “os tipos de operação mental úteis na análise de um campo podem ser igualmente úteis noutro” e na “crença mística na
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O pensamento de Bateson evolui mediante uma sucessão de níveis lógicos: começa pela observação de factos culturais e sociais, passa daí para a identificação de leis decorrentes das suas observações, avalia na fase seguinte o potencial de generalização dessas leis ao aplicá-las a outros fenómenos e, finalmente, formula postulados gerais relativos a realidades que apresentam características comuns.
A utilização do método abdutivo associada ao facto de ter trabalhado em diferentes contextos e sobre diferentes tipos de dados, permitiu-lhe desenvolver a ideia da unidade dos fenómenos do mundo e interessar-se pela teoria do conhecimento e pela epistemologia. Intelectual nómada, viajou pelo mundo e pelo conhecimento, sem nunca se fixar no conforto de uma corrente de pensamento. A procura do novo só iria cessar com a novidade da morte.
O objectivo do presente livro é, num primeiro momento, descrever o percurso científico de Bateson nos domínios da antropologia, psiquiatria, ecologia e epistemologia, para, num segundo momento, reflectir sobre a teoria do ser humano proposta pelo autor, enquadrando-a nos nossos dias.

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