A Interatividade, O Controle Da Cena E O Público Como Agente Compositor

O interesse na temática deste livro foi uma consequência de minha pesquisa continuada sobre processos criativos nos quais a interatividade provoca uma transferência de controle do “elenco” para o público.


Tal situação compartilhada gera impasses e desafios para ambas as partes porque ocorre a diluição da fronteira entre ficção e história, entre a peça ou performance e o tempo real de vivência do elenco com o público. Instaura-se, deste modo, um relacionamento participativo muito diferente daquele que o teatro oferece, pois além de não mais existir uma divisão clara entre palco e plateia, o público deixa de ser espectador e passa a contribuir num jogo de composição não ensaiado, subvertendo, por assim dizer, as noções de personagem e dramaturgia.
Com isso, além de haver a desestabilização das convenções da obra teatral, ocorre a participação espontânea do público em um sistema proponente que não constitui uma obra, mas vivências cênicas em processo, típicas das imensas redes do território da performance.
Não pretendi, com a chamada de textos para esta coletânea, embarcar na tarefa quantitativa de realizar um tratamento histórico-crítico da performance e da live art. Inúmeros coletivos e artistas integram a cena interativa mundialmente. Alguns deles ilustram a história da contracultura, como o Living Theatre (EUA) e Augusto Boal, ou ganharam visibilidade mais recentemente, em sites da Internet e pesquisas acadêmicas, como é o caso do La Fura dels Baus, do coletivo Ói Nóis Aqui Traveiz (desde 1978), do Blast Theory (UK, desde 1991) e do ImprovEverywhere (EUA, desde 2001), com sua rede de comédia (Stealth Comedy) The Urban Prankster Network .
O livro proporciona reflexões sobre a ampla linha de pesquisa Processos Criativos, com uma amostra de nomes, tanto já históricos quanto emergentes, que convergem na opção por poéticas baseadas na interatividade com a participação do público no tempo real da cena. Os diferentes capítulos consideram problemáticas e procedimentos utilizados em trabalhos selecionados de Jerzy Grotowski, David Byrne, Marina Abramović, do Corpos Informáticos e Maria Beatriz de Medeiros, do Erro Grupo, de Lígia Tourinho, do coletivo OPOVOEMPE, da Cia. Silenciosa, de Wagner Lacerda e Ciane Fernandes, com a contribuição de Cristiane Bouger, Stella Fischer, Henrique Saidel e Ismael Scheffler: Polônia/Califórnia/Mundo, Estados Unidos/ New York, Florianópolis, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Teresina, Salvador, São Paulo, Curitiba. Dado o recorte, o volume aproxima nomes representativos dessa diversidade geográfica, e também de faixas etárias e perfis heterogêneos. Alguns trabalhos ainda têm mais afinidade com o teatro, enquanto outros abandonam esse suporte completamente, acontecendo em outros ambientes específicos da performance e da categoria site specific.

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A Interatividade, O Controle Da Cena E O Público Como Agente Compositor

O interesse na temática deste livro foi uma consequência de minha pesquisa continuada sobre processos criativos nos quais a interatividade provoca uma transferência de controle do “elenco” para o público.
Tal situação compartilhada gera impasses e desafios para ambas as partes porque ocorre a diluição da fronteira entre ficção e história, entre a peça ou performance e o tempo real de vivência do elenco com o público. Instaura-se, deste modo, um relacionamento participativo muito diferente daquele que o teatro oferece, pois além de não mais existir uma divisão clara entre palco e plateia, o público deixa de ser espectador e passa a contribuir num jogo de composição não ensaiado, subvertendo, por assim dizer, as noções de personagem e dramaturgia.
Com isso, além de haver a desestabilização das convenções da obra teatral, ocorre a participação espontânea do público em um sistema proponente que não constitui uma obra, mas vivências cênicas em processo, típicas das imensas redes do território da performance.
Não pretendi, com a chamada de textos para esta coletânea, embarcar na tarefa quantitativa de realizar um tratamento histórico-crítico da performance e da live art. Inúmeros coletivos e artistas integram a cena interativa mundialmente. Alguns deles ilustram a história da contracultura, como o Living Theatre (EUA) e Augusto Boal, ou ganharam visibilidade mais recentemente, em sites da Internet e pesquisas acadêmicas, como é o caso do La Fura dels Baus, do coletivo Ói Nóis Aqui Traveiz (desde 1978), do Blast Theory (UK, desde 1991) e do ImprovEverywhere (EUA, desde 2001), com sua rede de comédia (Stealth Comedy) The Urban Prankster Network .
O livro proporciona reflexões sobre a ampla linha de pesquisa Processos Criativos, com uma amostra de nomes, tanto já históricos quanto emergentes, que convergem na opção por poéticas baseadas na interatividade com a participação do público no tempo real da cena. Os diferentes capítulos consideram problemáticas e procedimentos utilizados em trabalhos selecionados de Jerzy Grotowski, David Byrne, Marina Abramović, do Corpos Informáticos e Maria Beatriz de Medeiros, do Erro Grupo, de Lígia Tourinho, do coletivo OPOVOEMPE, da Cia. Silenciosa, de Wagner Lacerda e Ciane Fernandes, com a contribuição de Cristiane Bouger, Stella Fischer, Henrique Saidel e Ismael Scheffler: Polônia/Califórnia/Mundo, Estados Unidos/ New York, Florianópolis, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Teresina, Salvador, São Paulo, Curitiba. Dado o recorte, o volume aproxima nomes representativos dessa diversidade geográfica, e também de faixas etárias e perfis heterogêneos. Alguns trabalhos ainda têm mais afinidade com o teatro, enquanto outros abandonam esse suporte completamente, acontecendo em outros ambientes específicos da performance e da categoria site specific.

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