Bandidos

Em algum momento, no começo da década de 1950, percebi com surpresa um fato curioso: a vida de certos tipos de bandidos era cercada exatamente pelas mesmas histórias e pelos mesmos mitos, que os mostravam como portadores de justiça e redistribuição social em toda a Europa.

Na verdade, como ficou cada vez mais claro, em todo o mundo. Se seguirem a prescrição do Dr. Samuel Johnson, segundo a qual
deve a observação, com uma visão ampla,
examinar a humanidade da China ao Peru,
os leitores deste livro os encontrarão nesses dois países e, na realidade, em todos os continentes habitados. Essa descoberta serviu de base a um ensaio: “O bandido social”, primeiro capítulo do livro Primitive Rebels (Manchester, 1959), em que eu analisava formas arcaicas de movimentos sociais. Dez anos depois, com base em novos estudos, sobretudo na América Latina, esse livro foi ampliado e tornou-se a primeira edição do presente livro (Bandits, Londres, 1969). Na verdade, essa obra veio a constituir o ponto de partida dos estudos contemporâneos sobre a história do banditismo, uma área em rápido crescimento. (Grande parte desses estudos — seguramente desde a crítica de Anton Blok em 1971 — não aceita a tese do “banditismo social”, ao menos em sua forma original.) Edições posteriores (da Penguin Books, 1971, e de uma editora americana, Pantheon Books, 1981), ambas esgotadas atualmente, revisaram e ampliaram o texto original e levaram em conta o grande volume de novos materiais e aquelas críticas que me pareceram pertinentes. O que o leitor tem em mãos agora é a edição revista de Bandidos.
Houve três razões principais para que eu a preparasse, além do fato de várias editoras ainda julgarem que o livro não perdeu seu interesse. A primeira, e mais óbvia, é que desde 1981 apareceram várias obras importantes sobre a história do banditismo — sobre bandidos da China, da Turquia otomana e dos Bálcãs, da América Latina, da área do Mediterrâneo e de várias regiões mais remotas, para não falar da longamente esperada biografia de Pancho Villa, de Friedrich Katz. Esses trabalhos não só acrescentaram novos materiais à historiografia, como também ampliaram bastante a maneira como podemos refletir sobre o banditismo na sociedade. Fiz o melhor possível para levar em conta nesta edição essas análises. (Por outro lado, a apreciação crítica a respeito da tese de Bandidos permanece mais ou menos onde estava.)

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Em algum momento, no começo da década de 1950, percebi com surpresa um fato curioso: a vida de certos tipos de bandidos era cercada exatamente pelas mesmas histórias e pelos mesmos mitos, que os mostravam como portadores de justiça e redistribuição social em toda a Europa. Na verdade, como ficou cada vez mais claro, em todo o mundo. Se seguirem a prescrição do Dr. Samuel Johnson, segundo a qual
deve a observação, com uma visão ampla,
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os leitores deste livro os encontrarão nesses dois países e, na realidade, em todos os continentes habitados. Essa descoberta serviu de base a um ensaio: “O bandido social”, primeiro capítulo do livro Primitive Rebels (Manchester, 1959), em que eu analisava formas arcaicas de movimentos sociais. Dez anos depois, com base em novos estudos, sobretudo na América Latina, esse livro foi ampliado e tornou-se a primeira edição do presente livro (Bandits, Londres, 1969). Na verdade, essa obra veio a constituir o ponto de partida dos estudos contemporâneos sobre a história do banditismo, uma área em rápido crescimento. (Grande parte desses estudos — seguramente desde a crítica de Anton Blok em 1971 — não aceita a tese do “banditismo social”, ao menos em sua forma original.) Edições posteriores (da Penguin Books, 1971, e de uma editora americana, Pantheon Books, 1981), ambas esgotadas atualmente, revisaram e ampliaram o texto original e levaram em conta o grande volume de novos materiais e aquelas críticas que me pareceram pertinentes. O que o leitor tem em mãos agora é a edição revista de Bandidos.
Houve três razões principais para que eu a preparasse, além do fato de várias editoras ainda julgarem que o livro não perdeu seu interesse. A primeira, e mais óbvia, é que desde 1981 apareceram várias obras importantes sobre a história do banditismo — sobre bandidos da China, da Turquia otomana e dos Bálcãs, da América Latina, da área do Mediterrâneo e de várias regiões mais remotas, para não falar da longamente esperada biografia de Pancho Villa, de Friedrich Katz. Esses trabalhos não só acrescentaram novos materiais à historiografia, como também ampliaram bastante a maneira como podemos refletir sobre o banditismo na sociedade. Fiz o melhor possível para levar em conta nesta edição essas análises. (Por outro lado, a apreciação crítica a respeito da tese de Bandidos permanece mais ou menos onde estava.)

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