Amazônia: Pegadas Na Floresta

As noções de tempo e espaço são quase inexistentes nas análises dos problemas nacionais realizadas pela maioria dos cientistas sociais brasileiros.
Essa gravíssima deficiência de formação não ocorre por acaso: o caráter fragmentado que assumiu o ensino de graduação e pós-graduação em nossas universidades

, aliado à dose considerável de colonialismo que nossos estudantes sofrem, implicam necessariamente a eliminação desses dois fatores estruturantes de todo pensamento crítico.
É por essa razão que a maioria dos estudos consagrados à realidade brasileira está baseada em autores e perspectivas que guardam escassa relação com a realidade na qual seus autores estão inseridos.
Capazes de reproduzir argumentos oriundos dos centros de pensamento das metrópoles com certa precisão, são, não obstante, incapazes de utilizá-los de maneira criativa nos trópicos. Reproduzem, não criam. São divulgadores de teorias alheias e por esta razão não conseguem dialogar com elas e muito menos superar suas debilidades.
O estudo de Fiorelo Picolli Amazônia: pegadas na floresta analisa a região amazônica e constitui um comportamento quase solitário no cenário intelectual brasileiro. Professor integrado em sua região, dedicou seu doutoramento ao estudo das madeireiras na Amazônia e, para tal, realizou importante pesquisa sobre a integração dessa região latino-americana ao mercado mundial.
O resultado foi um importante diagnóstico sobre a exploração da madeira na região de Sinop, mas também um acertado mergulho na dinâmica que o capital criou na região nas três últimas décadas.
Fica claro para o leitor da série completa – da qual Amazônia: pegadas na floresta é apenas a última parte – que tanto na ditadura como no “regime democrático” a voracidade do capital não diminuiu. E muitas críticas que eram dirigidas ao regime político podem agora ser vistas como diagnóstico superficial, incapazes de dar conta das transformações que ainda operam na região.
Foi nessa empreitada que Fiorelo lançou mão de um importante autor, ainda desconhecido do público brasileiro – não obstante ser um exitoso cientista social latino-americano –, que foi Ruy Mauro Marini.
A utilização de sua perspectiva teórica, especialmente do conceito de superexploração da força de trabalho, lançado no clássico Dialética da dependência, somente lançado no Brasil recentemente, iluminou um problema que a perspectiva liberal não pode mais esconder e a que os estudos de inclinação crítica não conseguem responder adequadamente.

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As noções de tempo e espaço são quase inexistentes nas análises dos problemas nacionais realizadas pela maioria dos cientistas sociais brasileiros.
Essa gravíssima deficiência de formação não ocorre por acaso: o caráter fragmentado que assumiu o ensino de graduação e pós-graduação em nossas universidades, aliado à dose considerável de colonialismo que nossos estudantes sofrem, implicam necessariamente a eliminação desses dois fatores estruturantes de todo pensamento crítico.
É por essa razão que a maioria dos estudos consagrados à realidade brasileira está baseada em autores e perspectivas que guardam escassa relação com a realidade na qual seus autores estão inseridos.
Capazes de reproduzir argumentos oriundos dos centros de pensamento das metrópoles com certa precisão, são, não obstante, incapazes de utilizá-los de maneira criativa nos trópicos. Reproduzem, não criam. São divulgadores de teorias alheias e por esta razão não conseguem dialogar com elas e muito menos superar suas debilidades.
O estudo de Fiorelo Picolli Amazônia: pegadas na floresta analisa a região amazônica e constitui um comportamento quase solitário no cenário intelectual brasileiro. Professor integrado em sua região, dedicou seu doutoramento ao estudo das madeireiras na Amazônia e, para tal, realizou importante pesquisa sobre a integração dessa região latino-americana ao mercado mundial.
O resultado foi um importante diagnóstico sobre a exploração da madeira na região de Sinop, mas também um acertado mergulho na dinâmica que o capital criou na região nas três últimas décadas.
Fica claro para o leitor da série completa – da qual Amazônia: pegadas na floresta é apenas a última parte – que tanto na ditadura como no “regime democrático” a voracidade do capital não diminuiu. E muitas críticas que eram dirigidas ao regime político podem agora ser vistas como diagnóstico superficial, incapazes de dar conta das transformações que ainda operam na região.
Foi nessa empreitada que Fiorelo lançou mão de um importante autor, ainda desconhecido do público brasileiro – não obstante ser um exitoso cientista social latino-americano –, que foi Ruy Mauro Marini.
A utilização de sua perspectiva teórica, especialmente do conceito de superexploração da força de trabalho, lançado no clássico Dialética da dependência, somente lançado no Brasil recentemente, iluminou um problema que a perspectiva liberal não pode mais esconder e a que os estudos de inclinação crítica não conseguem responder adequadamente.

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