A Construção Social Da Subcidadania

A Construção Social Da Subcidadania pretende ser uma alternativa teórica às questões centrais da reflexão sobre a singularidade de sociedades periféricas como a brasileira, abordando os temas da subcidadania, da naturalização da desigualdade e da singularidade do processo de modernização entre nós.


O objetivo é elaborar uma concepção teórica alternativa, tanto em relação às abordagens personalistas, patrimonialistas e "hibridistas" destes fenômenos, quanto em relação às percepções conjunturais e pragmáticas que perdem o vínculo com qualquer realidade mais ampla e totalizadora.
A interpretação do Brasil já se constituiu em gênero próprio na nossa ciência social. No curso da década de 1970, durante os anos duros do regime militar, o seu tema dominante foi o estudo das raízes do autoritarismo político no país, sob a motivação difusa de que a compreensão dos nossos males teria como que o dom de exorcizá-los.
Com a redemocratização do país e a conquista das liberdades civis e públicas, a expectativa de que "a democracia tivesse, afinal, encontrado as suas possibilidades de realização, frustrou-se, verificando-se que a sociedade permanecia tão injusta quanto antes.
Como reação a esse desencanto, as interpretações do Brasil, que vinham conhecendo tendência à especialização, revisitando sistemática e aprofundadamente os clássicos do ensaísmo brasileiro, reaproximam-se da forma pela qual o autoritarismo foi investigado.
A postura acadêmica cedia lugar, mais uma vez, à da intelligentsia, em seu papel de intervenção sobre a vida social, retomando-se também o ângulo macro-histórico e da sociologia histórica comparada. Novo, apenas o objeto — que deixava a dimensão política do autoritarismo para enfatizar os temas da injustiça, das desigualdades sociais, sobretudo o da cidadania.
Um dos principais responsáveis pela recuperação da perspectiva da intelligentsia no nosso ensaísmo, do que já testemunhavam os seus importantes O malandro e o protestante, de 1999, e A modernização seletiva: uma reinterpretação do dilema brasileiro, de 2000, Jessé Souza, com este notável A Construção Social Da Subcidadania: para uma Sociologia Política da Modernidade Periférica, firma seu lugar na primeira fila dos intérpretes do Brasil.
Trabalho de sólida erudição, mobilizada judiciosamente para melhor exprimir o argumento, a ambição declarada de A Construção Social Da Subcidadania é a de articular o estudo das sociedades periféricas a questões universais.
A periferia, nesse sentido, se comportaria como um laboratório para a investigação dos processos de exclusão social contemporâneos, tornando evidentes, pela singularidade da sua condição, a perversidade provocada pelos efeitos da “ideologia espontânea” secretada pela modernidade capitalista, sobretudo em razão de tornarem opacos os critérios da hierarquia valorativa que, afinal, seria a instância identificadora de quem é ou não cidadão.
A questão em aberto, e que, decerto, animará o debate acerca de A Construção Social Da Subcidadania, é a de como se pode romper com os códigos de dominação simbólicos que reproduzem os padrões da subcidadania, a fim de instituir uma sociedade, no centro e na periferia, igualitária de fato.

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A Construção Social Da Subcidadania pretende ser uma alternativa teórica às questões centrais da reflexão sobre a singularidade de sociedades periféricas como a brasileira, abordando os temas da subcidadania, da naturalização da desigualdade e da singularidade do processo de modernização entre nós.
O objetivo é elaborar uma concepção teórica alternativa, tanto em relação às abordagens personalistas, patrimonialistas e “hibridistas” destes fenômenos, quanto em relação às percepções conjunturais e pragmáticas que perdem o vínculo com qualquer realidade mais ampla e totalizadora.
A interpretação do Brasil já se constituiu em gênero próprio na nossa ciência social. No curso da década de 1970, durante os anos duros do regime militar, o seu tema dominante foi o estudo das raízes do autoritarismo político no país, sob a motivação difusa de que a compreensão dos nossos males teria como que o dom de exorcizá-los.
Com a redemocratização do país e a conquista das liberdades civis e públicas, a expectativa de que “a democracia tivesse, afinal, encontrado as suas possibilidades de realização, frustrou-se, verificando-se que a sociedade permanecia tão injusta quanto antes.
Como reação a esse desencanto, as interpretações do Brasil, que vinham conhecendo tendência à especialização, revisitando sistemática e aprofundadamente os clássicos do ensaísmo brasileiro, reaproximam-se da forma pela qual o autoritarismo foi investigado.
A postura acadêmica cedia lugar, mais uma vez, à da intelligentsia, em seu papel de intervenção sobre a vida social, retomando-se também o ângulo macro-histórico e da sociologia histórica comparada. Novo, apenas o objeto — que deixava a dimensão política do autoritarismo para enfatizar os temas da injustiça, das desigualdades sociais, sobretudo o da cidadania.
Um dos principais responsáveis pela recuperação da perspectiva da intelligentsia no nosso ensaísmo, do que já testemunhavam os seus importantes O malandro e o protestante, de 1999, e A modernização seletiva: uma reinterpretação do dilema brasileiro, de 2000, Jessé Souza, com este notável A Construção Social Da Subcidadania: para uma Sociologia Política da Modernidade Periférica, firma seu lugar na primeira fila dos intérpretes do Brasil.
Trabalho de sólida erudição, mobilizada judiciosamente para melhor exprimir o argumento, a ambição declarada de A Construção Social Da Subcidadania é a de articular o estudo das sociedades periféricas a questões universais.
A periferia, nesse sentido, se comportaria como um laboratório para a investigação dos processos de exclusão social contemporâneos, tornando evidentes, pela singularidade da sua condição, a perversidade provocada pelos efeitos da “ideologia espontânea” secretada pela modernidade capitalista, sobretudo em razão de tornarem opacos os critérios da hierarquia valorativa que, afinal, seria a instância identificadora de quem é ou não cidadão.
A questão em aberto, e que, decerto, animará o debate acerca de A Construção Social Da Subcidadania, é a de como se pode romper com os códigos de dominação simbólicos que reproduzem os padrões da subcidadania, a fim de instituir uma sociedade, no centro e na periferia, igualitária de fato.

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