Educação Infantil

A proximidade com o objeto de estudo desta pesquisa, ou seja, a criança, seus direitos e sua educação, iniciou-se aos meus dezessete anos de idade, quando comecei minha trajetória profissional como professora de educação infantil em uma escola maternal particular.


Após conclusão do curso de Magistério, ingressei no curso de graduação em Serviço Social da Faculdade de História e Serviço Social da UNESP de Franca.
As frequentes indagações a respeito do papel social da educação, fomentadas pela experiência profissional em educação infantil, levaram-me a desenvolver minha monografia de conclusão do curso de Serviço Social sobre o atendimento das creches de Franca.
Assustava-me a diferente realidade educacional vivenciada pelas crianças com as quais trabalhava na escola maternal particular e as crianças das creches pesquisadas.
Enquanto meus alunos, todos de classe social abastada, tinham acesso a educação de qualidade, a brinquedos e materiais pedagógicos diferenciados, a professores qualificados e espaços favoráveis para o seu desenvolvimento, as crianças que frequentavam as creches pesquisadas eram privadas de um atendimento que lhes propiciasse um desenvolvimento adequado.
Esse contexto, não muito diferente do atual, nos permite inferir que o nosso sistema educacional excludente não assola apenas os níveis fundamental, médio ou superior de ensino.
Lembro que, ao chegar a uma das creches pesquisadas, a coordenadora, cheia de orgulho, solicitou que as crianças cantassem a “musiquinha para a visita”, canção cuja letra ainda lembro bem: “Criança bonita, bem-educada, em casa ou na rua sempre delicada. Faz sua tarefa não fica à toa. Criança bonita é criança boa. Bate o sininho a fila formou, sempre caladinho tomar leitinho eu vou”.
Podemos perceber que o silêncio, a obediência, a fila e os ensinamentos morais eram ressaltados na educação das crianças, caracterizando o que Kuhlmann Júnior designa como pedagogia da submissão.
Experiências assim me fizeram fortalecer a ideia de que todas as crianças devem ter o direito a uma educação infantil de qualidade, pautada em um projeto educativo emancipatório, que promova o desenvolvimento de suas potencialidades e contribua para uma participação ativa e efetiva na sociedade.
Concluído o curso de Serviço Social, em dezembro de 1989, comecei a trabalhar, no mesmo ano, como assistente social em uma creche comunitária filantrópica mantida pela maçonaria, em um bairro da periferia da cidade.
Os receios e anseios com a primeira experiência profissional como assistente social puderam ser amenizados com a experiência
na educação infantil.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Educação Infantil

A proximidade com o objeto de estudo desta pesquisa, ou seja, a criança, seus direitos e sua educação, iniciou-se aos meus dezessete anos de idade, quando comecei minha trajetória profissional como professora de educação infantil em uma escola maternal particular.
Após conclusão do curso de Magistério, ingressei no curso de graduação em Serviço Social da Faculdade de História e Serviço Social da UNESP de Franca.
As frequentes indagações a respeito do papel social da educação, fomentadas pela experiência profissional em educação infantil, levaram-me a desenvolver minha monografia de conclusão do curso de Serviço Social sobre o atendimento das creches de Franca.
Assustava-me a diferente realidade educacional vivenciada pelas crianças com as quais trabalhava na escola maternal particular e as crianças das creches pesquisadas.
Enquanto meus alunos, todos de classe social abastada, tinham acesso a educação de qualidade, a brinquedos e materiais pedagógicos diferenciados, a professores qualificados e espaços favoráveis para o seu desenvolvimento, as crianças que frequentavam as creches pesquisadas eram privadas de um atendimento que lhes propiciasse um desenvolvimento adequado.
Esse contexto, não muito diferente do atual, nos permite inferir que o nosso sistema educacional excludente não assola apenas os níveis fundamental, médio ou superior de ensino.
Lembro que, ao chegar a uma das creches pesquisadas, a coordenadora, cheia de orgulho, solicitou que as crianças cantassem a “musiquinha para a visita”, canção cuja letra ainda lembro bem: “Criança bonita, bem-educada, em casa ou na rua sempre delicada. Faz sua tarefa não fica à toa. Criança bonita é criança boa. Bate o sininho a fila formou, sempre caladinho tomar leitinho eu vou”.
Podemos perceber que o silêncio, a obediência, a fila e os ensinamentos morais eram ressaltados na educação das crianças, caracterizando o que Kuhlmann Júnior designa como pedagogia da submissão.
Experiências assim me fizeram fortalecer a ideia de que todas as crianças devem ter o direito a uma educação infantil de qualidade, pautada em um projeto educativo emancipatório, que promova o desenvolvimento de suas potencialidades e contribua para uma participação ativa e efetiva na sociedade.
Concluído o curso de Serviço Social, em dezembro de 1989, comecei a trabalhar, no mesmo ano, como assistente social em uma creche comunitária filantrópica mantida pela maçonaria, em um bairro da periferia da cidade.
Os receios e anseios com a primeira experiência profissional como assistente social puderam ser amenizados com a experiência
na educação infantil.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog