O Golpe De 64 E A Ditadura Militar

Entre 1964 e 1984, a ditadura no Brasil destruiu a economia, institucionalizou a corrupção e fez da tortura uma prática política. Envileceu a nação e abalou o caráter brasileiro. Alienou as novas gerações, tornando-as incapazes de entender a sociedade em que vivem.


A atual crise econômica e as contradições políticas são, em grande parte, herança e consequência do regime militar. Com os militares aprofundou-se a crise econômica e agravou-se o problema social, marginalizando milhões de brasileiros, que sobrevivem entre o desemprego e a subnutrição.
Os jovens, que saíram às ruas movidos por uma revolta moralista contra a corrupção do governo Collor (1990-1992), permanecem alheios ou indiferentes aos milhares de crianças vítimas da desnutrição. Este quadro de miséria e alienação leva-nos, quase automaticamente, a fixar a tragédia atual como alvo imediato, esquecendo-nos das suas raízes. Se não formos às raízes, nada entenderemos.
Este livro ocupa-se do chamado “regime militar”, instaurado no Brasil em abril de 1964. Não analisa todos os seus aspectos: basicamente tenta explicar como, por que e para quê. Deixando de lado o didatismo cronológico, aborda um tema em cada capítulo, com o intuito de facilitar a compreensão global das causas e dos interesses envolvidos na questão.
A partir de 1964, a evolução política poderia seguir várias direções. Como sempre acontece, as “várias direções” confrontaram-se e venceu a corrente mais forte. Depois de encerrado o caso, fica fácil constatar a existência de caminhos melhores. Mas no calor da luta não ocorre assim. Sabe-se que para mudar a sociedade é preciso vencer algumas etapas — há uma relativa determinação norteando a luta política. No entanto, o bem nem sempre ganha e, às vezes, o bem nem mesmo é tão bom. E o mal, quando vence, torna-se pior…
O Brasil, colonizado de modo brutal, construído com o trabalho escravo e emancipado sob o patrocínio do imperialismo inglês, herdou uma série de características comuns aos povos sul-americanos. Uma herança de miséria moral e política, de estoicismo e equívocos. Tem de pagar o seu preço.
Sem nenhuma simpatia pelos grupos políticos e militares que nos levaram a uma cruel ditadura, deve-se salientar que as Forças Armadas e os seus cúmplices civis não foram os únicos responsáveis pela catástrofe. A situação brasileira atual resulta também da nossa história, das lutas populares derrotadas ou ainda não resolvidas. Não se trata, portanto, de procurar culpados ou bodes expiatórios.
A revolução brasileira está em processo. Essa afirmação envolve muita controvérsia, especialmente depois da derrocada do socialismo no Leste Europeu (1989). Assim, vamos começar com uma rápida definição de revolução — palavra odiosa para uns, romântica para outros e polêmica para quase todos. Tal definição servirá para esclarecer o que houve no Brasil em 1964.
Certamente não foi uma revolução.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

O Golpe De 64 E A Ditadura Militar

Entre 1964 e 1984, a ditadura no Brasil destruiu a economia, institucionalizou a corrupção e fez da tortura uma prática política. Envileceu a nação e abalou o caráter brasileiro. Alienou as novas gerações, tornando-as incapazes de entender a sociedade em que vivem.
A atual crise econômica e as contradições políticas são, em grande parte, herança e consequência do regime militar. Com os militares aprofundou-se a crise econômica e agravou-se o problema social, marginalizando milhões de brasileiros, que sobrevivem entre o desemprego e a subnutrição.
Os jovens, que saíram às ruas movidos por uma revolta moralista contra a corrupção do governo Collor (1990-1992), permanecem alheios ou indiferentes aos milhares de crianças vítimas da desnutrição. Este quadro de miséria e alienação leva-nos, quase automaticamente, a fixar a tragédia atual como alvo imediato, esquecendo-nos das suas raízes. Se não formos às raízes, nada entenderemos.
Este livro ocupa-se do chamado “regime militar”, instaurado no Brasil em abril de 1964. Não analisa todos os seus aspectos: basicamente tenta explicar como, por que e para quê. Deixando de lado o didatismo cronológico, aborda um tema em cada capítulo, com o intuito de facilitar a compreensão global das causas e dos interesses envolvidos na questão.
A partir de 1964, a evolução política poderia seguir várias direções. Como sempre acontece, as “várias direções” confrontaram-se e venceu a corrente mais forte. Depois de encerrado o caso, fica fácil constatar a existência de caminhos melhores. Mas no calor da luta não ocorre assim. Sabe-se que para mudar a sociedade é preciso vencer algumas etapas — há uma relativa determinação norteando a luta política. No entanto, o bem nem sempre ganha e, às vezes, o bem nem mesmo é tão bom. E o mal, quando vence, torna-se pior…
O Brasil, colonizado de modo brutal, construído com o trabalho escravo e emancipado sob o patrocínio do imperialismo inglês, herdou uma série de características comuns aos povos sul-americanos. Uma herança de miséria moral e política, de estoicismo e equívocos. Tem de pagar o seu preço.
Sem nenhuma simpatia pelos grupos políticos e militares que nos levaram a uma cruel ditadura, deve-se salientar que as Forças Armadas e os seus cúmplices civis não foram os únicos responsáveis pela catástrofe. A situação brasileira atual resulta também da nossa história, das lutas populares derrotadas ou ainda não resolvidas. Não se trata, portanto, de procurar culpados ou bodes expiatórios.
A revolução brasileira está em processo. Essa afirmação envolve muita controvérsia, especialmente depois da derrocada do socialismo no Leste Europeu (1989). Assim, vamos começar com uma rápida definição de revolução — palavra odiosa para uns, romântica para outros e polêmica para quase todos. Tal definição servirá para esclarecer o que houve no Brasil em 1964.
Certamente não foi uma revolução.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog