O presente volume inclui os contos de Fiódor Dostoiévski dos anos de 1862 a 1877. No conto “Uma História dos Diabos” (publicado em novembro de 1862) reflete-se a posição sociopolítica do escritor no período das reformas liberais daquela época. A sátira de Dostoiévski desmascara as reflexões hipócritas dos representantes da alta burocracia sobre a disponibilidade desta para contribuir para o progresso social dentro dos princípios do humanismo. Seguindo a tradição satírica de Nikolai Gógol, Dostoiévski mostra o abismo entre as “Suas Excelências” e os “homens pequenos”. “Apontamentos de Inverno sobre Impressões de Verão” (publicado em 1863) constitui, dentro do seu gênero, um relato de impressões de viagem muito peculiar, em que, em vez da tentativa de registro sistemático e consequente do que o viajante vê, se cria um cenário subjetivo e satírico de várias facetas da vida do Ocidente e da Rússia. Dostoiévski destrói, desta forma, a tradição vigente na literatura europeia da descrição impassível nos ensaios de viagens. O escritor reflete sobre as influências europeias na Rússia, em várias épocas, e fala das consequências “civilizacionais” destas influências. A descrição irônica dos costumes sociais em França na época de Napoleão III e os seus reflexos na arte que serve os gostos da maior força desta sociedade, a burguesia, é uma crítica mordaz à hipocrisia moral e às “liberdades” apregoadas neste país.
Ao escrever “O Crocodilo” (1865), Dostoiévski, segundo as suas palavras, quis criar um conto fantástico no espírito de “O Nariz” de Gógol. Mas não se trata de uma mera traquinice literária: ao fantasiar uma situação grotesca e cômica, o escritor faz uma implacável paródia às ideologias vigentes naquela época, sejam estéticas, filosóficas, econômicas, seja a do materialismo radical e vulgar dos “niilistas”.
Os outros contos incluídos neste volume fazem parte de “O Diário do Escritor” que Dostoiévski publicou na revista semanal Gradjanin (Cidadão) nos anos de 1870-1880 e que era composto por artigos e crônicas sobre os acontecimentos da época. Neste último período da sua vida, o escritor alcança uma força impressionante na arte dos “gêneros menores” da narrativa. Cria um novo tipo de novela filosófica e psicológica (A Submissa, 1876; Sonho de um Homem Ridículo, 1877), de conto fantástico e satírico (Bobok, 1873), de ensaio artístico (A Centenária, 1876; Menino numa Festa de Natal, 1876) e de memórias (O Mujique Marei).
A Submissa E Outras Histórias
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