Viagem Extraordinária Ao Centro Do Cérebro

O cérebro é indispensável à vida. A suspensão do seu funcionamento significa a morte do indivíduo. Sabe-se desde sempre que, para matar um homem, basta lhe cortar a cabeça... ou enfiar-lhe uma faca no coração.

Do que resultou uma disputa prolongada para se saber onde colocar a sede da alma. Durante muito tempo, o coração pareceu levar a melhor; e, ainda hoje, não são cérebros que os apaixonados gravam na casca das árvores, mas um coração com os dois nomes enlaçados. A vitória final coube ao cérebro. Não é certo que se tenha perdido com a mudança, como se crê com frequência e como mostrará, eu espero, este livro.
O cérebro é o terreno do “eu” do corpo. É por ter um cérebro que sente tudo que acontece dentro e por intermédio de seu corpo, com seu quinhão de sofrimento e de prazer, que o homem pode dizer “eu”. E todas as lembranças, todas as maneiras de ser, todas as aptidões e comportamentos usuais que constituem nossa identidade, esse “eu” de que nos guarnecemos, são também produto de nosso cérebro. Mas é preciso não esquecer que é a “você” que o “eu” se dirige, ou seja, a um outro cérebro, voz de uma outra carne a carregar o próprio quinhão de sofrimento e prazer. O cérebro, suporte da individualidade e do “eu”, é, pois, também o do “nós”, da sociedade dos homens. Assim, neste livro, observam-se dois fios de narrativa que muitas vezes se entremeiam. O primeiro é o prazer e seu companheiro, o sofrimento, que governam o conjunto de nossos atos e nossas representações do mundo; o segundo é “o outro”, de tanto que a necessidade e o reconhecimento do outro constituem a essência do humano.
O cérebro que assume o destino de cada homem é evidentemente o suporte da inteligência, mas é também a sede de paixões indizíveis e o refúgio da besta ignóbil que às vezes torna o humano desmerecedor de apreço. Agente a serviço da inteligência, fundamento de uma parte de nossa liberdade, ele faz a lei dentro do corpo, e nenhum espírito superior lhe dita suas decisões ou suas inclinações. Mas essa carne, sobre a qual ele reina sem reserva, exerce sobre ele, de volta, uma ascendência de que não pode se desfazer, coagido que é por suas necessidades, desejos e carências.

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O cérebro é indispensável à vida. A suspensão do seu funcionamento significa a morte do indivíduo. Sabe-se desde sempre que, para matar um homem, basta lhe cortar a cabeça… ou enfiar-lhe uma faca no coração. Do que resultou uma disputa prolongada para se saber onde colocar a sede da alma. Durante muito tempo, o coração pareceu levar a melhor; e, ainda hoje, não são cérebros que os apaixonados gravam na casca das árvores, mas um coração com os dois nomes enlaçados. A vitória final coube ao cérebro. Não é certo que se tenha perdido com a mudança, como se crê com frequência e como mostrará, eu espero, este livro.
O cérebro é o terreno do “eu” do corpo. É por ter um cérebro que sente tudo que acontece dentro e por intermédio de seu corpo, com seu quinhão de sofrimento e de prazer, que o homem pode dizer “eu”. E todas as lembranças, todas as maneiras de ser, todas as aptidões e comportamentos usuais que constituem nossa identidade, esse “eu” de que nos guarnecemos, são também produto de nosso cérebro. Mas é preciso não esquecer que é a “você” que o “eu” se dirige, ou seja, a um outro cérebro, voz de uma outra carne a carregar o próprio quinhão de sofrimento e prazer. O cérebro, suporte da individualidade e do “eu”, é, pois, também o do “nós”, da sociedade dos homens. Assim, neste livro, observam-se dois fios de narrativa que muitas vezes se entremeiam. O primeiro é o prazer e seu companheiro, o sofrimento, que governam o conjunto de nossos atos e nossas representações do mundo; o segundo é “o outro”, de tanto que a necessidade e o reconhecimento do outro constituem a essência do humano.
O cérebro que assume o destino de cada homem é evidentemente o suporte da inteligência, mas é também a sede de paixões indizíveis e o refúgio da besta ignóbil que às vezes torna o humano desmerecedor de apreço. Agente a serviço da inteligência, fundamento de uma parte de nossa liberdade, ele faz a lei dentro do corpo, e nenhum espírito superior lhe dita suas decisões ou suas inclinações. Mas essa carne, sobre a qual ele reina sem reserva, exerce sobre ele, de volta, uma ascendência de que não pode se desfazer, coagido que é por suas necessidades, desejos e carências.

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