Éramos Jovens Na Guerra

Se por um lado o diário de Anne Frank é ainda hoje o diário infantil mais conhecido em todo o mundo, por outro, vários relatos de jovens que sobreviveram à Segunda Guerra Mundial foram em grande parte esquecidos ou não são conhecidos fora de seu país de origem.

Mas essas anotações esmaecidas em papel amarelado, redigidas às escondidas, longe da vigilância dos pais e do alcance do inimigo, nos dizem muito do que era crescer durante essa guerra. Em tom íntimo e muitas vezes mais direto que o dos diários de adultos, eles representavam um espaço de confidências e questionamentos, de preservação da dignidade ou da independência de espírito e pensamento.
Os diários e as correspondências que se seguem foram escolhidos pelo caráter único das narrativas pessoais e a qualidade do texto. Embora buscássemos inicialmente diários que acompanhassem os autores na adolescência e até o fim da guerra, logo constatamos que, ao contrário do que acontece na ficção, os diários da vida real nem sempre atendem a tais expectativas. Embora alguns abarquem todo o período do conflito, outros têm início mais tarde ou apresentam grandes lacunas; alguns poucos terminam de maneira abrupta, muitas vezes indicando a brevidade da vida do autor. Em alguns desses diários faltam partes; não deixa de ser um milagre que alguns deles tenham chegado até nós. Entre as cartas incluídas, muitas são eloquentes pelas próprias omissões, assim como pelo tom adotado pelo autor.
Apesar de organizado cronologicamente, este livro não pretende ser uma história da guerra. Em vez disso, é um livro conduzido pelas histórias dos autores, contextualizadas pelos fatos históricos e entrelaçadas para ressaltar os paralelismos e confrontos de ideias e emoções, não raro surpreendentes, daqueles que se viram apanhados nesses acontecimentos históricos, algumas vezes em lados opostos do conflito, ou a milhares de quilômetros de distância uns dos outros. Nenhum dos autores desses diários pode ser considerado representativo de seu país: alguns sucumbiram às ideias que lhes eram incutidas pelos adultos ou pelo Estado, outros confundem nossas expectativas; muitos, por outro lado, talvez esclareçam por que as guerras são combatidas pelos jovens.
Depois de anos de coleta, tradução e pesquisa dessas histórias, sentimo-nos muito próximas desses memorialistas. Isto se deve não só ao tempo que passamos com eles, mas também à natureza de seus depoimentos, tão francos e com frequência tão corajosos; eles abordam temas desagradáveis e revelam muito de si mesmos.

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Se por um lado o diário de Anne Frank é ainda hoje o diário infantil mais conhecido em todo o mundo, por outro, vários relatos de jovens que sobreviveram à Segunda Guerra Mundial foram em grande parte esquecidos ou não são conhecidos fora de seu país de origem. Mas essas anotações esmaecidas em papel amarelado, redigidas às escondidas, longe da vigilância dos pais e do alcance do inimigo, nos dizem muito do que era crescer durante essa guerra. Em tom íntimo e muitas vezes mais direto que o dos diários de adultos, eles representavam um espaço de confidências e questionamentos, de preservação da dignidade ou da independência de espírito e pensamento.
Os diários e as correspondências que se seguem foram escolhidos pelo caráter único das narrativas pessoais e a qualidade do texto. Embora buscássemos inicialmente diários que acompanhassem os autores na adolescência e até o fim da guerra, logo constatamos que, ao contrário do que acontece na ficção, os diários da vida real nem sempre atendem a tais expectativas. Embora alguns abarquem todo o período do conflito, outros têm início mais tarde ou apresentam grandes lacunas; alguns poucos terminam de maneira abrupta, muitas vezes indicando a brevidade da vida do autor. Em alguns desses diários faltam partes; não deixa de ser um milagre que alguns deles tenham chegado até nós. Entre as cartas incluídas, muitas são eloquentes pelas próprias omissões, assim como pelo tom adotado pelo autor.
Apesar de organizado cronologicamente, este livro não pretende ser uma história da guerra. Em vez disso, é um livro conduzido pelas histórias dos autores, contextualizadas pelos fatos históricos e entrelaçadas para ressaltar os paralelismos e confrontos de ideias e emoções, não raro surpreendentes, daqueles que se viram apanhados nesses acontecimentos históricos, algumas vezes em lados opostos do conflito, ou a milhares de quilômetros de distância uns dos outros. Nenhum dos autores desses diários pode ser considerado representativo de seu país: alguns sucumbiram às ideias que lhes eram incutidas pelos adultos ou pelo Estado, outros confundem nossas expectativas; muitos, por outro lado, talvez esclareçam por que as guerras são combatidas pelos jovens.
Depois de anos de coleta, tradução e pesquisa dessas histórias, sentimo-nos muito próximas desses memorialistas. Isto se deve não só ao tempo que passamos com eles, mas também à natureza de seus depoimentos, tão francos e com frequência tão corajosos; eles abordam temas desagradáveis e revelam muito de si mesmos.

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