Segredos Da Descolonização De Angola

Que segredos sobre a descolonização de Angola não foram revelados ao público decorridos quase 40 anos após a independência da que era a maior e a mais rica colónia africana do império português?

A questão surgiu durante a pesquisa realizada para a elaboração da minha tese quando, nos arquivos militares nacionais, deparei com documentos secretos, muitos dos quais nunca publicados – relatórios, memorandos, telegramas, actas e outros relatos institucionais – que continham informações inéditas sobre aspectos ainda obscuros deste processo. As minuciosas descrições de certos textos e a acutilância de algumas análises redigidas sobre a situação político-militar em Angola durante a transição para a independência, por aqueles que nela participaram, deram origem a este livro.
A consulta destas fontes primárias e as declarações de vários agentes envolvidos, proferidas à época ou no presente, permitiram diferenciar as posições assumidas pelos principais decisores e como estas foram determinantes na evolução do processo. Havia, contudo, situações mais delicadas do ponto vista político-militar – como a exoneração compulsiva de alguns oficiais, a acção directa da tropa portuguesa em favor de um dos Movimentos nacionalistas ou a existência de portugueses em cárceres de Angola – sobre as quais os documentos eram omissos ou insuficientemente explícitos. Para tentar aferir o que se passara nesses momentos-tabu, recorri a participantes ou testemunhas oculares, confiando nas suas palavras como confiei em todas as fontes discursivas consultadas. Ciente que todas reflectem interesses e pontos de vista (de índole pessoal, corporativa ou ideológica) associados à conjuntura da época.
O cruzamento da informação obtida possibilitou a esta narrativa histórica revelar certos momentos que poderão melindrar alguns dos seus protagonistas individuais ou colectivos. Deverão, contudo, ter em consideração que os documentos explanam o que pensavam, o que disseram e as posições que defenderam naquele dado momento. Não obstante o cuidadoso expurgo a que está sujeito qualquer espólio arquivístico antes de ser disponibilizado ao público, os fundos consultados exprimem com tal frontalidade as opiniões manifestadas em reuniões sigilosas e reproduzem, de modo aparentemente tão espontâneo, acaloradas discussões – em especial nos encontros do Alvor e nas reuniões da Comissão Nacional de Defesa de Angola –, que é quase possível percepcionar os diferentes estados de ânimo de cada interveniente: nas interjeições de impaciência, nos desabafos mais íntimos, na ironia que empregavam.

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Que segredos sobre a descolonização de Angola não foram revelados ao público decorridos quase 40 anos após a independência da que era a maior e a mais rica colónia africana do império português? A questão surgiu durante a pesquisa realizada para a elaboração da minha tese quando, nos arquivos militares nacionais, deparei com documentos secretos, muitos dos quais nunca publicados – relatórios, memorandos, telegramas, actas e outros relatos institucionais – que continham informações inéditas sobre aspectos ainda obscuros deste processo. As minuciosas descrições de certos textos e a acutilância de algumas análises redigidas sobre a situação político-militar em Angola durante a transição para a independência, por aqueles que nela participaram, deram origem a este livro.
A consulta destas fontes primárias e as declarações de vários agentes envolvidos, proferidas à época ou no presente, permitiram diferenciar as posições assumidas pelos principais decisores e como estas foram determinantes na evolução do processo. Havia, contudo, situações mais delicadas do ponto vista político-militar – como a exoneração compulsiva de alguns oficiais, a acção directa da tropa portuguesa em favor de um dos Movimentos nacionalistas ou a existência de portugueses em cárceres de Angola – sobre as quais os documentos eram omissos ou insuficientemente explícitos. Para tentar aferir o que se passara nesses momentos-tabu, recorri a participantes ou testemunhas oculares, confiando nas suas palavras como confiei em todas as fontes discursivas consultadas. Ciente que todas reflectem interesses e pontos de vista (de índole pessoal, corporativa ou ideológica) associados à conjuntura da época.
O cruzamento da informação obtida possibilitou a esta narrativa histórica revelar certos momentos que poderão melindrar alguns dos seus protagonistas individuais ou colectivos. Deverão, contudo, ter em consideração que os documentos explanam o que pensavam, o que disseram e as posições que defenderam naquele dado momento. Não obstante o cuidadoso expurgo a que está sujeito qualquer espólio arquivístico antes de ser disponibilizado ao público, os fundos consultados exprimem com tal frontalidade as opiniões manifestadas em reuniões sigilosas e reproduzem, de modo aparentemente tão espontâneo, acaloradas discussões – em especial nos encontros do Alvor e nas reuniões da Comissão Nacional de Defesa de Angola –, que é quase possível percepcionar os diferentes estados de ânimo de cada interveniente: nas interjeições de impaciência, nos desabafos mais íntimos, na ironia que empregavam.

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