Poema Sujo

Desde que foi escrito, o Poema sujo teve sua importância reconhecida por alguns dos maiores poetas e críticos brasileiros. Ficou famosa a declaração do poeta Vinicius de Moraes, segundo a qual “Ferreira Gullar […] acaba de escrever um dos mais importantes poemas deste meio século, pelo menos nas línguas que eu conheço

; e certamente o mais rico, generoso (e paralelamente rigoroso) e transbordante de vida de toda a literatura brasileira”.
E lembro que o crítico Otto Maria Carpeaux observou que “Poema sujo mereceria ser chamado ‘Poema nacional’, porque encarna todas as experiências, vitórias, derrotas e esperanças da vida do homem brasileiro. É o Brasil mesmo, em versos ‘sujos’ e, portanto, sinceros”.
De todo modo, pode-se dizer que o Poema sujo se encontra no centro da extraordinária carreira literária de Ferreira Gullar.
Antes da criação do Poema sujo, as fases que caracterizam essa carreira são radicalmente diferentes umas das outras. Ao escrever, quando adolescente, os poemas do seu primeiro livro, Um pouco acima do chão, publicado em 1949, o poeta, que ainda não havia tomado contato com o modernismo, conhecia apenas a poesia tradicional — “parnasiana”, segundo ele mesmo. Por isso, os poemas que ele compunha eram, como os de seus modelos, e rimados e metrificados com rigor. Consideremos essa como a primeira fase de sua carreira.
No mesmo ano de 1949, Gullar descobriu as obras, inicialmente chocantes para ele, de Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e outros modernistas. A descoberta acabou tendo imensa influência sobre sua concepção de poesia, e o primeiro resultado disso foi o admirável livro A luta corporal, publicado em 1954. “Nos meus vinte anos de idade”, diz ele,
cheguei à conclusão de que a poesia que deveria fazer era o contrário daquela que eu fazia — que ela não deveria ter qualquer norma a priori. […] Como era uma coisa nova, a linguagem se mostrava velha — ela prejudica a juventude, o frescor do que estava sendo descoberto. Como fazer que a linguagem nasça com o poema; como fazer com que o poema tenha o frescor de sua descoberta? — esta é a proposta de A luta corporal.

  

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Desde que foi escrito, o Poema sujo teve sua importância reconhecida por alguns dos maiores poetas e críticos brasileiros. Ficou famosa a declaração do poeta Vinicius de Moraes, segundo a qual “Ferreira Gullar […] acaba de escrever um dos mais importantes poemas deste meio século, pelo menos nas línguas que eu conheço; e certamente o mais rico, generoso (e paralelamente rigoroso) e transbordante de vida de toda a literatura brasileira”.
E lembro que o crítico Otto Maria Carpeaux observou que “Poema sujo mereceria ser chamado ‘Poema nacional’, porque encarna todas as experiências, vitórias, derrotas e esperanças da vida do homem brasileiro. É o Brasil mesmo, em versos ‘sujos’ e, portanto, sinceros”.
De todo modo, pode-se dizer que o Poema sujo se encontra no centro da extraordinária carreira literária de Ferreira Gullar.
Antes da criação do Poema sujo, as fases que caracterizam essa carreira são radicalmente diferentes umas das outras. Ao escrever, quando adolescente, os poemas do seu primeiro livro, Um pouco acima do chão, publicado em 1949, o poeta, que ainda não havia tomado contato com o modernismo, conhecia apenas a poesia tradicional — “parnasiana”, segundo ele mesmo. Por isso, os poemas que ele compunha eram, como os de seus modelos, e rimados e metrificados com rigor. Consideremos essa como a primeira fase de sua carreira.
No mesmo ano de 1949, Gullar descobriu as obras, inicialmente chocantes para ele, de Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e outros modernistas. A descoberta acabou tendo imensa influência sobre sua concepção de poesia, e o primeiro resultado disso foi o admirável livro A luta corporal, publicado em 1954. “Nos meus vinte anos de idade”, diz ele,
cheguei à conclusão de que a poesia que deveria fazer era o contrário daquela que eu fazia — que ela não deveria ter qualquer norma a priori. […] Como era uma coisa nova, a linguagem se mostrava velha — ela prejudica a juventude, o frescor do que estava sendo descoberto. Como fazer que a linguagem nasça com o poema; como fazer com que o poema tenha o frescor de sua descoberta? — esta é a proposta de A luta corporal.

  

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