Designa 2016: Erro(r)

Tradicionalmente depreciado por corporizar o insucesso, a falha, o engano, a incorrecção, a ignorância ou mesmo o disparate, o “erro” tem um potencial especulativo incalculável, desde logo por se opor à quase hegemónica cultura do progresso e do sucesso

, que tanto inspira a actividade do Design. Pensamos que é um tema sugestivo, tanto para o projecto como para a teoria e a crítica dos padrões de similitude e diferença face à norma ou à expectativa, centrais na prática e na formação dos designers.
O erro reporta desde logo à acção de vaguear, ao desvio, ao engano e à incerteza, mas também à ilusão que possibilita a assunção de consciência e à dúvida capaz de clarificar o propósito de um programa e de um projecto. O erro tem obviamente custos, mas também tem valor.
No campo do Design, o significado do erro tem sido subestimado, pois comporta um potencial performativo capaz de anular o estigma da “falha” que até a escatologia religiosa lhe atribui. O erro abre campo ao inesperado, é capaz de revelar dimensões involuntárias e surpreendentes de um processo e de um sujeito. Mais do que o erro absoluto, pensamos no erro relativo. No erro que não diminui, antes amplia as possibilidades do processo. No erro necessário.
Considerar que o erro permite progredir é uma questão complexa, quase paradoxal, que demanda a exploração de múltiplas pistas, respostas e variáveis. Importa saber em que medida o erro como excepção conta no processo de aprendizagem, seja por nos demonstrar os limites da regra ou por ser um passo necessário no aperfeiçoamento ou na compreensão de assuntos cujos contornos fogem a uma “verdade”, revelando o improvável capaz de abalar os quadros mentais mais positivistas, na medida em que as correcções e as emendas aumentam o grau de consciência do sujeito face a uma determinada situação.
Embora o erro permita obter experiência e conhecimento, aumentando a resiliência, permanece na sociedade contemporânea como o paradigma daquilo que não pode ou não deve ser feito. O modo de relação com o erro denota, pois, a maturidade e a capacidade de uma determinada pessoa ou comunidade lidarem com os seus limites culturais. Havendo distintos tipos de erro, do coração, de vontade, de acção, etc., apenas quem ousa é capaz de errar.

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O erro reporta desde logo à acção de vaguear, ao desvio, ao engano e à incerteza, mas também à ilusão que possibilita a assunção de consciência e à dúvida capaz de clarificar o propósito de um programa e de um projecto. O erro tem obviamente custos, mas também tem valor.
No campo do Design, o significado do erro tem sido subestimado, pois comporta um potencial performativo capaz de anular o estigma da “falha” que até a escatologia religiosa lhe atribui. O erro abre campo ao inesperado, é capaz de revelar dimensões involuntárias e surpreendentes de um processo e de um sujeito. Mais do que o erro absoluto, pensamos no erro relativo. No erro que não diminui, antes amplia as possibilidades do processo. No erro necessário.
Considerar que o erro permite progredir é uma questão complexa, quase paradoxal, que demanda a exploração de múltiplas pistas, respostas e variáveis. Importa saber em que medida o erro como excepção conta no processo de aprendizagem, seja por nos demonstrar os limites da regra ou por ser um passo necessário no aperfeiçoamento ou na compreensão de assuntos cujos contornos fogem a uma “verdade”, revelando o improvável capaz de abalar os quadros mentais mais positivistas, na medida em que as correcções e as emendas aumentam o grau de consciência do sujeito face a uma determinada situação.
Embora o erro permita obter experiência e conhecimento, aumentando a resiliência, permanece na sociedade contemporânea como o paradigma daquilo que não pode ou não deve ser feito. O modo de relação com o erro denota, pois, a maturidade e a capacidade de uma determinada pessoa ou comunidade lidarem com os seus limites culturais. Havendo distintos tipos de erro, do coração, de vontade, de acção, etc., apenas quem ousa é capaz de errar.

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