Como Chegamos Até Aqui

Há pouco mais de duas décadas, o artista e filósofo mexicano-americano Manuel De Landa publicou um livro estranho e maravilhoso chamado War in the Age of Intelligent Machines. Estritamente falando, o livro era uma história da tecnologia militar, mas não tinha nada em comum com o que se espera de algo do gênero.

Em vez de relatos heroicos de engenharia submarina escritos por algum professor da Academia Naval, o livro de De Landa combinou teoria do caos, biologia evolucionista e filosofia francesa pós-estruturalista em histórias sobre a bala conoidal, o radar e outras inovações militares. Eu me recordo de ter lido o livro quando era estudante de pós-graduação, aos vinte e poucos anos, e de o ter considerado uma obra completamente sui generis, como se De Landa tivesse chegado à Terra vindo de algum outro planeta com vida inteligente. Pareceu-me ao mesmo tempo fascinante e muito desorientador.
De Landa começou o livro com uma brilhante reviravolta interpretativa. Imagine, sugeriu ele, um trabalho histórico escrito em algum tempo no futuro por alguma forma de inteligência artificial, mapeando a história do milênio anterior. “Nós poderíamos imaginar”, argumentou De Landa, “que o historiador robô escreveria uma história diferente da relatada por sua contraparte humana.” Eventos que ocupam lugar de vulto na contabilidade humana – a conquista das Américas pela Europa, a queda do Império Romano, a Carta Magna – seriam notas de rodapé do ponto de vista do robô. Outros eventos, que parecem marginais para a história tradicional – como os autômatos de brinquedo que fingiam jogar xadrez no século XVIII, o tear de Jacquard que inspirou os perfuradores de cartões no início da computação –, seriam o divisor de águas para o historiador robô, os pontos críticos que traçam a linha direta até o presente.
A propósito, não há robôs inteligentes neste livro. As inovações aqui apresentadas pertencem à vida do dia a dia, não à ficção científica: lâmpadas, registros de som, ar-condicionado, um copo de água potável, um relógio de pulso, uma lente de vidro. Mas tentei contar a história das inovações de uma forma semelhante à perspectiva do historiador robô de De Landa.

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Há pouco mais de duas décadas, o artista e filósofo mexicano-americano Manuel De Landa publicou um livro estranho e maravilhoso chamado War in the Age of Intelligent Machines. Estritamente falando, o livro era uma história da tecnologia militar, mas não tinha nada em comum com o que se espera de algo do gênero. Em vez de relatos heroicos de engenharia submarina escritos por algum professor da Academia Naval, o livro de De Landa combinou teoria do caos, biologia evolucionista e filosofia francesa pós-estruturalista em histórias sobre a bala conoidal, o radar e outras inovações militares. Eu me recordo de ter lido o livro quando era estudante de pós-graduação, aos vinte e poucos anos, e de o ter considerado uma obra completamente sui generis, como se De Landa tivesse chegado à Terra vindo de algum outro planeta com vida inteligente. Pareceu-me ao mesmo tempo fascinante e muito desorientador.
De Landa começou o livro com uma brilhante reviravolta interpretativa. Imagine, sugeriu ele, um trabalho histórico escrito em algum tempo no futuro por alguma forma de inteligência artificial, mapeando a história do milênio anterior. “Nós poderíamos imaginar”, argumentou De Landa, “que o historiador robô escreveria uma história diferente da relatada por sua contraparte humana.” Eventos que ocupam lugar de vulto na contabilidade humana – a conquista das Américas pela Europa, a queda do Império Romano, a Carta Magna – seriam notas de rodapé do ponto de vista do robô. Outros eventos, que parecem marginais para a história tradicional – como os autômatos de brinquedo que fingiam jogar xadrez no século XVIII, o tear de Jacquard que inspirou os perfuradores de cartões no início da computação –, seriam o divisor de águas para o historiador robô, os pontos críticos que traçam a linha direta até o presente.
A propósito, não há robôs inteligentes neste livro. As inovações aqui apresentadas pertencem à vida do dia a dia, não à ficção científica: lâmpadas, registros de som, ar-condicionado, um copo de água potável, um relógio de pulso, uma lente de vidro. Mas tentei contar a história das inovações de uma forma semelhante à perspectiva do historiador robô de De Landa.

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