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Se a história fosse contada do ponto de vista dos vencidos, o dia 22 de outubro poderia até ser uma data cívica brasileira. Mas não é. Neste dia, em 1912, morria José Maria, símbolo da chamada Guerra do Contestado.

Perpetuado como líder de um número incontável de sertanejos – fanáticos ou idealistas? –, o personagem, assim como o movimento de resistência que originou, ocuparam até agora um lugar pouco concorrido na historiografia nacional, embora seja inegável sua importância como um dos mais expressivos movimentos sociais do século XX. O Contestado foi uma importante iniciativa popular de caráter religioso, associada à reivindicação do direito à terra.
Em quase cem anos de construção histórica, a Guerra do Contestado – conflito social, político e messiânico que marcou a história dos estados do Paraná e de Santa Catarina no período de 1912 a 1916, conhecido como o primeiro movimento armado pela posse de terra – já apareceu das mais variadas formas e ângulos: movimento messiânico, campanha militar, levante monarquista, conflito social dos trabalhadores, disputa política entre os dois estados em questão, luta pela terra e contra o capital estrangeiro, só para listar as principais. Mas o movimento foi provocado por diversos fatores, envolvendo cerca de 20 mil sertanejos. Uma luta polarizada entre universos e pretensões completamente diferentes, que se chocam e são, ainda hoje, incompreendidos.
Importante lembrar que nos manuais e livros didáticos mais divulgados de História do Brasil o movimento sertanejo aparece em breves referências, quase sempre distorcidas. Nas palavras de Eric Hobsbawn, palavras, lutas e conquistas são reduzidas a “notas de rodapé”, como costuma acontecer com os movimentos sociais que, em determinado momento da história, ousaram apresentar resistência a ideias e estruturações sociais já consolidadas. Percebe-se, desse modo, que as deficiências de informação – (re)produzidas em jornais, obras e registros históricos que trataram os conflitos – foram, em boa medida, responsáveis pela instauração de expressões de cunho ideológico como “fanatismo” e “banditismo”, tornando-se características dos movimentos sociais do campo. A Guerra do Contestado é um acontecimento que registrou esse impasse, gerou dúvidas, mas na maioria das vezes é lembrada como feito heróico-militar que tentou educar pobres e miseráveis campesinos que se deixavam levar por promessas de loucos e aventureiros embebidos pelo fanatismo místico-religioso. O Contestado, porém, foi muito mais do que isso...

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Se a história fosse contada do ponto de vista dos vencidos, o dia 22 de outubro poderia até ser uma data cívica brasileira. Mas não é. Neste dia, em 1912, morria José Maria, símbolo da chamada Guerra do Contestado. Perpetuado como líder de um número incontável de sertanejos – fanáticos ou idealistas? –, o personagem, assim como o movimento de resistência que originou, ocuparam até agora um lugar pouco concorrido na historiografia nacional, embora seja inegável sua importância como um dos mais expressivos movimentos sociais do século XX. O Contestado foi uma importante iniciativa popular de caráter religioso, associada à reivindicação do direito à terra.
Em quase cem anos de construção histórica, a Guerra do Contestado – conflito social, político e messiânico que marcou a história dos estados do Paraná e de Santa Catarina no período de 1912 a 1916, conhecido como o primeiro movimento armado pela posse de terra – já apareceu das mais variadas formas e ângulos: movimento messiânico, campanha militar, levante monarquista, conflito social dos trabalhadores, disputa política entre os dois estados em questão, luta pela terra e contra o capital estrangeiro, só para listar as principais. Mas o movimento foi provocado por diversos fatores, envolvendo cerca de 20 mil sertanejos. Uma luta polarizada entre universos e pretensões completamente diferentes, que se chocam e são, ainda hoje, incompreendidos.
Importante lembrar que nos manuais e livros didáticos mais divulgados de História do Brasil o movimento sertanejo aparece em breves referências, quase sempre distorcidas. Nas palavras de Eric Hobsbawn, palavras, lutas e conquistas são reduzidas a “notas de rodapé”, como costuma acontecer com os movimentos sociais que, em determinado momento da história, ousaram apresentar resistência a ideias e estruturações sociais já consolidadas. Percebe-se, desse modo, que as deficiências de informação – (re)produzidas em jornais, obras e registros históricos que trataram os conflitos – foram, em boa medida, responsáveis pela instauração de expressões de cunho ideológico como “fanatismo” e “banditismo”, tornando-se características dos movimentos sociais do campo. A Guerra do Contestado é um acontecimento que registrou esse impasse, gerou dúvidas, mas na maioria das vezes é lembrada como feito heróico-militar que tentou educar pobres e miseráveis campesinos que se deixavam levar por promessas de loucos e aventureiros embebidos pelo fanatismo místico-religioso. O Contestado, porém, foi muito mais do que isso…

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