O Comércio Do Açúcar

Nos séculos XVI e XVII, a produção do açúcar transformou o espaço brasileiro de modo dramático e indelével. Seu plantio e sua fabricação exigiram extensos campos férteis, muita lenha, proteção contra ataques de nativos e estrangeiros, numerosa mão de obra e vultosos capitais.

Em consequência, o açúcar fez desaparecer boa parte dos indígenas e grandes extensões de Mata Atlântica nas áreas colonizadas. Acarretou a transferência maciça de escravos africanos para servirem na sua produção, ao lado ou em lugar dos nativos cativos ou constrangidos a trabalhar para os portugueses. Imigrantes europeus foram atraídos, incentivados e mesmo forçados a tentar a sorte na colônia, com maior ou menor sucesso. Capitais de diferentes origens concorreram para esse processo, que fez emergir uma sociedade colonial e escravocrata na América Portuguesa.
Se a produção do açúcar transformou o território, ela foi, por sua vez, impulsionada por sua ampla e extremamente bem-sucedida comercialização. No final dos anos 1500 e início dos 1600, o Brasil sobressaiu como o principal centro produtor de açúcar. O açúcar produzido no seu litoral era geralmente canalizado por Portugal, no sudoeste da Europa, e distribuído, em grande medida, nos Países Baixos, na margem nordeste do Atlântico, onde, muitas vezes, era refinado antes de ser reexportado para seus mercados finais. Portanto, o comércio açucareiro abarcava toda uma cadeia atlântica, se não global, já que, embora fossem mercados reconhecidamente menores, frutas em conserva e marmeladas fabricadas no Brasil subiam a ­bacia do Rio da Prata, cruzavam os Andes e chegavam até o litoral do Pacífico, no Chile, enquanto confeitos atravessavam o Atlântico e o Índico para irem de Lisboa à Índia.Ao integrar o centro produtor emergente aos centros consumidores ávidos pela commodity, o comércio deu azo a uma transformação nos padrões do consumo do produto e nos hábitos sociais que o doce ­ensejava. Contribuiu significativamente para a vitalidade da economia brasileira, portuguesa e neerlandesa, apesar de padecer com tantos perigos e incertezas, que, à primeira vista, pode parecer a um ­observador do século XXI ter sido uma atividade destinada apenas a aventureiros e desbravadores.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

O Comércio Do Açúcar

Nos séculos XVI e XVII, a produção do açúcar transformou o espaço brasileiro de modo dramático e indelével. Seu plantio e sua fabricação exigiram extensos campos férteis, muita lenha, proteção contra ataques de nativos e estrangeiros, numerosa mão de obra e vultosos capitais. Em consequência, o açúcar fez desaparecer boa parte dos indígenas e grandes extensões de Mata Atlântica nas áreas colonizadas. Acarretou a transferência maciça de escravos africanos para servirem na sua produção, ao lado ou em lugar dos nativos cativos ou constrangidos a trabalhar para os portugueses. Imigrantes europeus foram atraídos, incentivados e mesmo forçados a tentar a sorte na colônia, com maior ou menor sucesso. Capitais de diferentes origens concorreram para esse processo, que fez emergir uma sociedade colonial e escravocrata na América Portuguesa.
Se a produção do açúcar transformou o território, ela foi, por sua vez, impulsionada por sua ampla e extremamente bem-sucedida comercialização. No final dos anos 1500 e início dos 1600, o Brasil sobressaiu como o principal centro produtor de açúcar. O açúcar produzido no seu litoral era geralmente canalizado por Portugal, no sudoeste da Europa, e distribuído, em grande medida, nos Países Baixos, na margem nordeste do Atlântico, onde, muitas vezes, era refinado antes de ser reexportado para seus mercados finais. Portanto, o comércio açucareiro abarcava toda uma cadeia atlântica, se não global, já que, embora fossem mercados reconhecidamente menores, frutas em conserva e marmeladas fabricadas no Brasil subiam a ­bacia do Rio da Prata, cruzavam os Andes e chegavam até o litoral do Pacífico, no Chile, enquanto confeitos atravessavam o Atlântico e o Índico para irem de Lisboa à Índia.Ao integrar o centro produtor emergente aos centros consumidores ávidos pela commodity, o comércio deu azo a uma transformação nos padrões do consumo do produto e nos hábitos sociais que o doce ­ensejava. Contribuiu significativamente para a vitalidade da economia brasileira, portuguesa e neerlandesa, apesar de padecer com tantos perigos e incertezas, que, à primeira vista, pode parecer a um ­observador do século XXI ter sido uma atividade destinada apenas a aventureiros e desbravadores.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog