Doença Mental E Psicologia

Duas questões se colocam: sob que condições pode-se falar de doença no domínio psicológico? Que relações podem definir-se entre os fatos da patologia mental e os da patologia orgânica?

Todas as psicopatologias ordenaram-se segundo estes dois problemas: há as psicologias da heterogeneidade que se recusam, como o fez Blondel, a ler as estruturas da consciência mórbida em termos de psicologia normal; e, ao contrário, as psicologias, analíticas ou fenomenológicas, que procuram apreender a inteligibilidade de toda conduta, mesmo demente, nas significações anteriores à distinção do normal e do patológico. Uma divisão análoga se faz igualmente no grande debate da psicogênese e da organogênese: busca da etiologia orgânica, desde a descoberta da paralisia geral, com sua etiologia sifilítica; ou análise da causalidade psicológica, a partir das perturbações sem fundamento orgânico, definidas no fim do século XIX como síndrome histérica.
Tantas vezes retomados, estes problemas, hoje, desagradam, e não haveria vantagens em resumir os debates que suscitaram. Mas podemos perguntar-nos se a confusão não provém do fato de que se dá o mesmo sentido às noções de doença, de sintomas, de etiologia nas patologias mental e orgânica. Se parece tão difícil definir a doença e a saúde psicológicas, não é porque se tenta em vão aplicar-lhes maciçamente conceitos destinados igualmente d medicina somática? A dificuldade em reencontrar a unidade das perturbações orgânicas e das alterações da personalidade não provém do fato de se acreditar que elas possuem uma estrutura de mesmo tipo? Para além das patologias mental e orgânica, há uma patologia geral e abstrata que as domina, impondo-lhes, à maneira de prejuízos, os mesmos conceitos, e indicando-lhes os mesmos métodos à maneira de postulados. Gostaríamos de mostrar que a raiz da patologia mental não deve ser procurada em uma "meta-patologia" qualquer, mas numa certa relação, historicamente situada, entre o homem e o homem louco e o homem verdadeiro.
Entretanto, um balanço rápido é necessário, ao mesmo tempo para lembrar como se constituíram as psicopatologias tradicionais ou recentes, e para mostrar de que preliminares a medicina mental tem que estar consciente para encontrar um novo rigor.

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Duas questões se colocam: sob que condições pode-se falar de doença no domínio psicológico? Que relações podem definir-se entre os fatos da patologia mental e os da patologia orgânica? Todas as psicopatologias ordenaram-se segundo estes dois problemas: há as psicologias da heterogeneidade que se recusam, como o fez Blondel, a ler as estruturas da consciência mórbida em termos de psicologia normal; e, ao contrário, as psicologias, analíticas ou fenomenológicas, que procuram apreender a inteligibilidade de toda conduta, mesmo demente, nas significações anteriores à distinção do normal e do patológico. Uma divisão análoga se faz igualmente no grande debate da psicogênese e da organogênese: busca da etiologia orgânica, desde a descoberta da paralisia geral, com sua etiologia sifilítica; ou análise da causalidade psicológica, a partir das perturbações sem fundamento orgânico, definidas no fim do século XIX como síndrome histérica.
Tantas vezes retomados, estes problemas, hoje, desagradam, e não haveria vantagens em resumir os debates que suscitaram. Mas podemos perguntar-nos se a confusão não provém do fato de que se dá o mesmo sentido às noções de doença, de sintomas, de etiologia nas patologias mental e orgânica. Se parece tão difícil definir a doença e a saúde psicológicas, não é porque se tenta em vão aplicar-lhes maciçamente conceitos destinados igualmente d medicina somática? A dificuldade em reencontrar a unidade das perturbações orgânicas e das alterações da personalidade não provém do fato de se acreditar que elas possuem uma estrutura de mesmo tipo? Para além das patologias mental e orgânica, há uma patologia geral e abstrata que as domina, impondo-lhes, à maneira de prejuízos, os mesmos conceitos, e indicando-lhes os mesmos métodos à maneira de postulados. Gostaríamos de mostrar que a raiz da patologia mental não deve ser procurada em uma “meta-patologia” qualquer, mas numa certa relação, historicamente situada, entre o homem e o homem louco e o homem verdadeiro.
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