Introdução A Uma Clínica Diferencial Das Psicoses

O texto tem a peculiaridade de seguir o tom da fala que Contardo Calligaris, o autor, introduziu nos encontros do Seminário sobre Psicoses, em Porto Alegre, mantendo a trama aberta da discussão in loco.


Na apresentação, Contardo confidencia ao leitor que, antes de qualquer coisa, o livro diz de sua maneira própria de clinicar com psicóticos. Ponto fundamental que, naquele momento, não era óbvio para nós. Mas o fato é que saíamos muito implicados daqueles encontros, e a complexidade de algumas das questões, ontem lançadas, permanecem ainda hoje. Como por exemplo: O que pode ser uma análise quando se trata de um paciente psicótico? Que tipo de transferência pode estabelecer um psicótico com um psicanalista? E mais ainda, o desafio de como pensar as relações da psicose com o nosso mundo - onde boa parte dos delírios tem conteúdo cultural e são precipitados por injunções produzidas na cultura incidindo sobre o sujeito.
A clínica diferencial pode dizer respeito às diferentes maneiras de ser tomado em uma psicose, seja a paranoia, a psicose maníaco-depressiva ou uma esquizofrenia (com suas constelações simbólicas e imaginárias específicas passando pelas relações com a obsessão, a fobia e a histeria). Mas o diferencial que se marca aqui, é poder abordar de frente o que situa discursivamente uma psicose. Por onde ela se sustenta e qual a sua especificidade. Como dizer algo, a partir daí, que não seja somente uma definição pelo negativo, na relação com outras configurações da psicopatologia. E é claro que isso vai contar de maneira forte nos efeitos e consequências na direção do tratamento.
Interrogar o momento que se segue a uma crise, afirma Contardo, é oferecer ao sujeito uma possibilidade, uma chance. Nesse sentido, poder falar do caminho que foi trilhado até a crise pode ser crucial, para o sujeito, assim como o tempo de compartilhar a significação, a metáfora delirante que o está sustentando.
A errância psicótica; as relações entre o saber, o delírio e as totalizações; as injunções (que precipitam retornos no Real, pelo fato do sujeito não encontrar recursos no Simbólico e no Imaginário para responder), o crepúsculo - quando o saber que dava uma sustentação ao "eu" entra em colapso; a escuta de pacientes em crise e daqueles que nunca encontraram uma crise; as passagens estabelecem a especificidade da clínica que vai se desdobrando ao longo do livro.

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O texto tem a peculiaridade de seguir o tom da fala que Contardo Calligaris, o autor, introduziu nos encontros do Seminário sobre Psicoses, em Porto Alegre, mantendo a trama aberta da discussão in loco.
Na apresentação, Contardo confidencia ao leitor que, antes de qualquer coisa, o livro diz de sua maneira própria de clinicar com psicóticos. Ponto fundamental que, naquele momento, não era óbvio para nós. Mas o fato é que saíamos muito implicados daqueles encontros, e a complexidade de algumas das questões, ontem lançadas, permanecem ainda hoje. Como por exemplo: O que pode ser uma análise quando se trata de um paciente psicótico? Que tipo de transferência pode estabelecer um psicótico com um psicanalista? E mais ainda, o desafio de como pensar as relações da psicose com o nosso mundo – onde boa parte dos delírios tem conteúdo cultural e são precipitados por injunções produzidas na cultura incidindo sobre o sujeito.
A clínica diferencial pode dizer respeito às diferentes maneiras de ser tomado em uma psicose, seja a paranoia, a psicose maníaco-depressiva ou uma esquizofrenia (com suas constelações simbólicas e imaginárias específicas passando pelas relações com a obsessão, a fobia e a histeria). Mas o diferencial que se marca aqui, é poder abordar de frente o que situa discursivamente uma psicose. Por onde ela se sustenta e qual a sua especificidade. Como dizer algo, a partir daí, que não seja somente uma definição pelo negativo, na relação com outras configurações da psicopatologia. E é claro que isso vai contar de maneira forte nos efeitos e consequências na direção do tratamento.
Interrogar o momento que se segue a uma crise, afirma Contardo, é oferecer ao sujeito uma possibilidade, uma chance. Nesse sentido, poder falar do caminho que foi trilhado até a crise pode ser crucial, para o sujeito, assim como o tempo de compartilhar a significação, a metáfora delirante que o está sustentando.
A errância psicótica; as relações entre o saber, o delírio e as totalizações; as injunções (que precipitam retornos no Real, pelo fato do sujeito não encontrar recursos no Simbólico e no Imaginário para responder), o crepúsculo – quando o saber que dava uma sustentação ao “eu” entra em colapso; a escuta de pacientes em crise e daqueles que nunca encontraram uma crise; as passagens estabelecem a especificidade da clínica que vai se desdobrando ao longo do livro.

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