Epidemiologia E Saúde Dos Povos Indígenas No Brasil

O momento atual da saúde dos povos indígenas no Brasil caracteriza-se por intensas transformações, que englobam desde aceleradas mudanças nos perfis epidemiológicos até a reestruturação do sistema de atenção à saúde indígena.

Não obstante, mesmo que transbordem evidências quanto às condições de marginalização sócio-econômica, com amplos impactos sobre o perfil saúde/doença, muito pouco se conhece sobre a saúde dos povos indígenas, ainda mais se considerarmos a enorme diversidade sócio-cultural e de experiências históricas de interação com a sociedade nacional.
No Brasil e em outras partes do mundo, as doenças infecciosas ocupam um locus diferenciado na história dos povos indígenas. É desnecessário reiterar a magnitude da desestruturação demográfica e sócio-cultural a elas associada, o que fez com que se tornassem elementos cruciais no processo de subjugação frente ao expansionismo ocidental. Ainda que as doenças infecciosas continuem a ocupar um papel proeminente no perfil epidemiológico indígena no país, há evidências de que a expressão das doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, hipertensão e diabetes mellitus, está se ampliando. A sobreposição de perfis epidemiológicos também se verifica na população brasileira em geral, mas é possível que seja mais intensa entre os povos indígenas. As conseqüências dessa sobreposição (para os indivíduos, as comunidades e os serviços de saúde) são amplas, ainda que seja difícil caracterizá-las no contexto atual da saúde indígena no Brasil.
Desde 1999, aconteceram importantes mudanças no sistema de saúde voltado para os povos indígenas com a implantação dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), de norte a sul do país. Há de se aguardar a acumulação de dados e experiências antes de ser possível aquilatar a extensão dos impactos associados a essa reestruturação. Como enfatizam vários autores neste volume, um dos grandes desafios a se enfrentar na implementação desse novo modelo de assistência é consolidá-lo (envolvendo centenas de milhares de usuários e agências governamentais e não governamentais), sem perder de vista a imensa sociodiversidade indígena, bem como a heterogeneidade de perfis epidemiológicos. Tal coadunação é o denominador comum do modelo, e também uma das facetas de mais difícil implementação.

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No Brasil e em outras partes do mundo, as doenças infecciosas ocupam um locus diferenciado na história dos povos indígenas. É desnecessário reiterar a magnitude da desestruturação demográfica e sócio-cultural a elas associada, o que fez com que se tornassem elementos cruciais no processo de subjugação frente ao expansionismo ocidental. Ainda que as doenças infecciosas continuem a ocupar um papel proeminente no perfil epidemiológico indígena no país, há evidências de que a expressão das doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, hipertensão e diabetes mellitus, está se ampliando. A sobreposição de perfis epidemiológicos também se verifica na população brasileira em geral, mas é possível que seja mais intensa entre os povos indígenas. As conseqüências dessa sobreposição (para os indivíduos, as comunidades e os serviços de saúde) são amplas, ainda que seja difícil caracterizá-las no contexto atual da saúde indígena no Brasil.
Desde 1999, aconteceram importantes mudanças no sistema de saúde voltado para os povos indígenas com a implantação dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), de norte a sul do país. Há de se aguardar a acumulação de dados e experiências antes de ser possível aquilatar a extensão dos impactos associados a essa reestruturação. Como enfatizam vários autores neste volume, um dos grandes desafios a se enfrentar na implementação desse novo modelo de assistência é consolidá-lo (envolvendo centenas de milhares de usuários e agências governamentais e não governamentais), sem perder de vista a imensa sociodiversidade indígena, bem como a heterogeneidade de perfis epidemiológicos. Tal coadunação é o denominador comum do modelo, e também uma das facetas de mais difícil implementação.

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