Nietzsche

A menos que você creia em Deus, você não pode crer que Deus está morto: uma entidade que nunca existiu não pode morrer. Nietzsche nunca afirmou, de modo inequívoco, acreditar que Deus estava morto: ele estava falando pela boca de um louco num livro de 1882, A gaia ciência, escrito, como a maior parte de sua obra, em segmentos descontínuos. A história fina e ambígua, que intitulou “O insensato”, é virtualmente discreta.
É possível que a noção da morte de Deus tenha sido tomada de empréstimo do trabalho de 1834 de Heinrich Heine Sobre a história da religião e filosofia na Alemanha: “Nosso coração está repleto de piedade temerosa. O velho Jeová prepara-se para a morte ... Ouvis o sino tocar? Ajoelhai. Estão trazendo os sacramentos para um Deus agonizante”. Mas Nietzsche produziu mais do que uma variação sobre um tema pouco original. Antes de apresentar o louco, ele declarou que o maior perigo a que a humanidade fazia frente era “uma erupção de loucura - um arrebatamento em ouvir, sentir e ver; prazer na falta de disciplina mental; alegria na humana desrazão”. Como um sonâmbulo que está sujeito a cair ao acordar, temos de continuar sonhando que existe uma realidade por detrás das aparências.
Não poderíamos ter sobrevivido sem o nosso hábito arraigado de preferir compromisso a incerteza, erro e ficção a dúvida, assentimento a recusa, julgamento fortuito a fazer justiça. Em vez de permitir que o ceticismo nos desoriente, continuamos a agarrar-nos à fé que nos deu estabilidade. Isto é para sugerir que só o louco está desperto, enquanto a maioria sã ainda continua sonhando.
A tensão na prosa de Nietzsche impede-nos de descartar como ridícula tagarelice a notícia da morte de Deus. Uma vez que o homem acusa o povo - e a si mesmo - de assassinar a divindade ausente, suas perguntas deixam de ser absurdas e o ritmo dos golpes impede-nos de pô-las de lado. Ele não se apresenta como uma personagem imaginária - não temos ideia da sua idade ou da sua aparência - mas seu modo de falar é diferente do de Nietzsche.

 

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A menos que você creia em Deus, você não pode crer que Deus está morto: uma entidade que nunca existiu não pode morrer. Nietzsche nunca afirmou, de modo inequívoco, acreditar que Deus estava morto: ele estava falando pela boca de um louco num livro de 1882, A gaia ciência, escrito, como a maior parte de sua obra, em segmentos descontínuos. A história fina e ambígua, que intitulou “O insensato”, é virtualmente discreta.
É possível que a noção da morte de Deus tenha sido tomada de empréstimo do trabalho de 1834 de Heinrich Heine Sobre a história da religião e filosofia na Alemanha: “Nosso coração está repleto de piedade temerosa. O velho Jeová prepara-se para a morte … Ouvis o sino tocar? Ajoelhai. Estão trazendo os sacramentos para um Deus agonizante”. Mas Nietzsche produziu mais do que uma variação sobre um tema pouco original. Antes de apresentar o louco, ele declarou que o maior perigo a que a humanidade fazia frente era “uma erupção de loucura – um arrebatamento em ouvir, sentir e ver; prazer na falta de disciplina mental; alegria na humana desrazão”. Como um sonâmbulo que está sujeito a cair ao acordar, temos de continuar sonhando que existe uma realidade por detrás das aparências.
Não poderíamos ter sobrevivido sem o nosso hábito arraigado de preferir compromisso a incerteza, erro e ficção a dúvida, assentimento a recusa, julgamento fortuito a fazer justiça. Em vez de permitir que o ceticismo nos desoriente, continuamos a agarrar-nos à fé que nos deu estabilidade. Isto é para sugerir que só o louco está desperto, enquanto a maioria sã ainda continua sonhando.
A tensão na prosa de Nietzsche impede-nos de descartar como ridícula tagarelice a notícia da morte de Deus. Uma vez que o homem acusa o povo – e a si mesmo – de assassinar a divindade ausente, suas perguntas deixam de ser absurdas e o ritmo dos golpes impede-nos de pô-las de lado. Ele não se apresenta como uma personagem imaginária – não temos ideia da sua idade ou da sua aparência – mas seu modo de falar é diferente do de Nietzsche.

 

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