A Mãe Eterna

A mãe eterna tem quase cem anos. Sua decadência física impõe à filha um drama: o de se tornar cuidadora e, portanto, mãe da própria mãe, que quase não anda, não enxerga, não escuta. O sentimento de orfandade é crescente

, e, para superar a dor, ela escreve para a mãe que via, ouvia e comandava a vida no passado. A mãe capaz de compreender o drama que a filha está enfrentando.
Drama atualíssimo num país cuja população envelhece rapidamente, o romance de Betty Milan aborda o tema do envelhecimento extremo em todas as suas facetas – amorosa e cruel, delicada e brutal, engraçada e trágica. Tão melhor seria se a velha morresse, verdade? É o que a própria mãe percebe e diz. Mas não é o que a filha deseja. O que ela quer é fazer a genitora nascer de novo da sua força de mulher jovem e dinâmica, evitar que a outra sofra os efeitos da corrosão do tempo.
Neste romance, Betty Milan abre generosamente ao comum dos mortais uma lista de questões às quais todos costumam fugir, por medo de sofrer. Entre elas, a eutanásia, a medicalização de idosos e doentes terminais, a responsabilidade da família e o respeito à autonomia do idoso, ao lado de todos os detalhes relativos ao bem-estar físico e emocional do idoso.
Emerge desse discurso profundamente amoroso uma figura de mãe cuja esperteza evidencia o gosto pela vida ativa e independente, alguém que não suporta as limitações da idade nem as impostas pela família. É diante das proezas da velha que a filha por fim consegue compreender mais esta lição da mãe: a que lhe torna possível ver na velhice extrema uma fonte de aprendizado.

Não tenho mais como me abrir com minha mãe, ela escuta pouco e quase não se interessa. Por causa da idade avançada, deixou de ser quem era. Para suportar a perda, escrevo a uma interlocutora imaginária, uma interlocutora tão capaz de um amor incondicional.
A escrita é um recurso vital quando a palavra é impossível e, na falta do destinatário desejado, a gente inventa outro. A primeira frase que eu escrevi foi Se eu pudesse... Deixei na gaveta até que o texto se impôs... talvez para me salvar.

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A mãe eterna tem quase cem anos. Sua decadência física impõe à filha um drama: o de se tornar cuidadora e, portanto, mãe da própria mãe, que quase não anda, não enxerga, não escuta. O sentimento de orfandade é crescente, e, para superar a dor, ela escreve para a mãe que via, ouvia e comandava a vida no passado. A mãe capaz de compreender o drama que a filha está enfrentando.
Drama atualíssimo num país cuja população envelhece rapidamente, o romance de Betty Milan aborda o tema do envelhecimento extremo em todas as suas facetas – amorosa e cruel, delicada e brutal, engraçada e trágica. Tão melhor seria se a velha morresse, verdade? É o que a própria mãe percebe e diz. Mas não é o que a filha deseja. O que ela quer é fazer a genitora nascer de novo da sua força de mulher jovem e dinâmica, evitar que a outra sofra os efeitos da corrosão do tempo.
Neste romance, Betty Milan abre generosamente ao comum dos mortais uma lista de questões às quais todos costumam fugir, por medo de sofrer. Entre elas, a eutanásia, a medicalização de idosos e doentes terminais, a responsabilidade da família e o respeito à autonomia do idoso, ao lado de todos os detalhes relativos ao bem-estar físico e emocional do idoso.
Emerge desse discurso profundamente amoroso uma figura de mãe cuja esperteza evidencia o gosto pela vida ativa e independente, alguém que não suporta as limitações da idade nem as impostas pela família. É diante das proezas da velha que a filha por fim consegue compreender mais esta lição da mãe: a que lhe torna possível ver na velhice extrema uma fonte de aprendizado.

Não tenho mais como me abrir com minha mãe, ela escuta pouco e quase não se interessa. Por causa da idade avançada, deixou de ser quem era. Para suportar a perda, escrevo a uma interlocutora imaginária, uma interlocutora tão capaz de um amor incondicional.
A escrita é um recurso vital quando a palavra é impossível e, na falta do destinatário desejado, a gente inventa outro. A primeira frase que eu escrevi foi Se eu pudesse… Deixei na gaveta até que o texto se impôs… talvez para me salvar.

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