Cognição E Linguística: Explorando Territórios, Mapeamentos E Percursos

A metáfora do título, usada por Pinker em sua recente obra The stuff od thought, é, ao mesmo tempo, literatura e ciência. Por um lado, ela carrega a força de persuasão retórica, no sentido de que, através da janela, enxerga-se o mistério da casa por dentro

; por outro lado, ela representa a possibilidade da adequada tensão descritivo-explanatória da cognição humana, própria do conhecimento científico.
A interface entre Linguística e Psicologia tem sido, de fato, uma longa história de promessas metodológicas. Ferdinand de Saussure, no final do século XIX, início do XX, compreendeu a natureza social da linguagem e, na direção de Durkheim, desenhou a disciplina linguística e seu compromisso descritivista, como um ramo da Semiologia, em última instância da explanação em Psicologia Social. A linguagem humana, dentro do estruturalismo europeu, era a janela para se enxergar o caráter sociocognitivo da comunicação.
Praticamente na mesma época, em território americano, Leonard Bloomfiel, completamente submetido à ideia de que a natureza da ciência não podia dispensar o experimentalismo e suas evidências, propunha uma concepão mecanicista de linguagem como comportamento. Estímulo e resposta eram os sinais básicos e perceptíveis da comunicação linguística. Mas, assim como em Saussure, Bloomfield traçou o percurso descritivo da teoria linguística, como devendo encontrar a explicação última de seu objeto nas raízes da Psicologia behaviorista de Watson. A linguagem natural era, mais uma vez, o roteiro para o entendimento da cognição humana, ainda que superficializado pelas suas limitações metodológicas.
Quando, nos anos 50, a sombra de Skinner ainda predominava soberana em Harvard, a invenção inteligente do milênio, o computador, iluminava a caixa negra da racionalidade humana e sepultava o mito do observacionismo positivista. Mediante um desenho da linguagem, como competência e desepenho, ancorado na modelagem de harward e de software, cuja transparência permitia, pela primeira vez, avançar na cognição humana, Noam Chomsky, do MIT, desfechava o derradeiro golpe contra o behaviorismo. Construindo seu objeto, a linguagem humana, como propriedade do mundo natural, enraizada na genética especializada e única dos seres humanos, Chomsky inseria a Linguística no quadro das ciências do cérebro-mente, mais especialmente no âmbito da Psicologia cognitiva. O módulo da gramática universal estava abduzido. Agora, mais do que nunca, a linguagem era a senha para a obtenção dos segredos digitais das placas e dos programas, numa perspectiva finalmente ao dualista.

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A metáfora do título, usada por Pinker em sua recente obra The stuff od thought, é, ao mesmo tempo, literatura e ciência. Por um lado, ela carrega a força de persuasão retórica, no sentido de que, através da janela, enxerga-se o mistério da casa por dentro; por outro lado, ela representa a possibilidade da adequada tensão descritivo-explanatória da cognição humana, própria do conhecimento científico.
A interface entre Linguística e Psicologia tem sido, de fato, uma longa história de promessas metodológicas. Ferdinand de Saussure, no final do século XIX, início do XX, compreendeu a natureza social da linguagem e, na direção de Durkheim, desenhou a disciplina linguística e seu compromisso descritivista, como um ramo da Semiologia, em última instância da explanação em Psicologia Social. A linguagem humana, dentro do estruturalismo europeu, era a janela para se enxergar o caráter sociocognitivo da comunicação.
Praticamente na mesma época, em território americano, Leonard Bloomfiel, completamente submetido à ideia de que a natureza da ciência não podia dispensar o experimentalismo e suas evidências, propunha uma concepão mecanicista de linguagem como comportamento. Estímulo e resposta eram os sinais básicos e perceptíveis da comunicação linguística. Mas, assim como em Saussure, Bloomfield traçou o percurso descritivo da teoria linguística, como devendo encontrar a explicação última de seu objeto nas raízes da Psicologia behaviorista de Watson. A linguagem natural era, mais uma vez, o roteiro para o entendimento da cognição humana, ainda que superficializado pelas suas limitações metodológicas.
Quando, nos anos 50, a sombra de Skinner ainda predominava soberana em Harvard, a invenção inteligente do milênio, o computador, iluminava a caixa negra da racionalidade humana e sepultava o mito do observacionismo positivista. Mediante um desenho da linguagem, como competência e desepenho, ancorado na modelagem de harward e de software, cuja transparência permitia, pela primeira vez, avançar na cognição humana, Noam Chomsky, do MIT, desfechava o derradeiro golpe contra o behaviorismo. Construindo seu objeto, a linguagem humana, como propriedade do mundo natural, enraizada na genética especializada e única dos seres humanos, Chomsky inseria a Linguística no quadro das ciências do cérebro-mente, mais especialmente no âmbito da Psicologia cognitiva. O módulo da gramática universal estava abduzido. Agora, mais do que nunca, a linguagem era a senha para a obtenção dos segredos digitais das placas e dos programas, numa perspectiva finalmente ao dualista.

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