Cidade Febril: Cortiços E Epidemias Na Corte Imperial

A atuação dos médicos sanitaristas no Rio de Janeiro, a partir da segunda metade do século XIX, que então se investiram da “missão” de sanar a cidade de suas mazelas, constitui-se no objeto de consideração do historiador Sidney Chalhoub no seu trabalho Cidade febril: Cortiços e epidemias na Corte Imperial.

As prioridades desses profissionais recaíam no combate aos cortiços, às epidemias de febre amarela e na solução do problema da vacinação antivariólica, diante das práticas populares vacinophobicas. Não escapa a Chalhoub o outro lado dessa trama, buscando desvendar valores, experiências e estratégias de resistência dos populares, já que sobre eles, os negros em particular, incidia com maior ênfase o ônus desse processo.
A temática tem merecido a atenção de historiadores, cientistas sociais e profissionais ligados à medicina social, que em sua maioria tem optado por uma abordagem “foucaultiana”. O estudo aqui focalizado segue uma outra trilha, inspirada nas proposições teóricas e no estilo de narrativa de E.P.
Thompson e de seu discípulo Peter Linebaugh. Nessa linha, observa-se a realização de extensa e significativa pesquisa em fontes manuscritas sobre habitações coletivas e papéis da Junta Central de Higiene, além de correspondência entre a referida Junta e o Ministério do Império. Também um leque numeroso e diversificado de fontes impressas compõem seu corpus documental. Paralelamente a essa investigação, e articuladas a ela, o historiador desenvolveu suas reflexões teóricas, perseguindo novas pistas, realizando descobertas e construindo o seu objeto. São ainda influências marcantes na construção histórica de Chalhoub as propostas do antropólogo norte-americano Sidney Mintz e do historiador Carlo Ginzburg, com a sua extraordinária contribuição do “paradigma indiciário”.
A irreverência e a ironia marcam presença na escritura de Chalhoub, reafirmando-se, assim, a concepção de Mikhail Bakhtin de que a seriedade não estaria obrigatoriamente identificada à sisudez, ao contrário do que propaga a cultura burguesa. Em que pesem as questões de extrema complexidade ali tratadas, a clareza do texto é, igualmente, uma importante virtude da obra em foco.

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A atuação dos médicos sanitaristas no Rio de Janeiro, a partir da segunda metade do século XIX, que então se investiram da “missão” de sanar a cidade de suas mazelas, constitui-se no objeto de consideração do historiador Sidney Chalhoub no seu trabalho Cidade febril: Cortiços e epidemias na Corte Imperial. As prioridades desses profissionais recaíam no combate aos cortiços, às epidemias de febre amarela e na solução do problema da vacinação antivariólica, diante das práticas populares vacinophobicas. Não escapa a Chalhoub o outro lado dessa trama, buscando desvendar valores, experiências e estratégias de resistência dos populares, já que sobre eles, os negros em particular, incidia com maior ênfase o ônus desse processo.
A temática tem merecido a atenção de historiadores, cientistas sociais e profissionais ligados à medicina social, que em sua maioria tem optado por uma abordagem “foucaultiana”. O estudo aqui focalizado segue uma outra trilha, inspirada nas proposições teóricas e no estilo de narrativa de E.P.
Thompson e de seu discípulo Peter Linebaugh. Nessa linha, observa-se a realização de extensa e significativa pesquisa em fontes manuscritas sobre habitações coletivas e papéis da Junta Central de Higiene, além de correspondência entre a referida Junta e o Ministério do Império. Também um leque numeroso e diversificado de fontes impressas compõem seu corpus documental. Paralelamente a essa investigação, e articuladas a ela, o historiador desenvolveu suas reflexões teóricas, perseguindo novas pistas, realizando descobertas e construindo o seu objeto. São ainda influências marcantes na construção histórica de Chalhoub as propostas do antropólogo norte-americano Sidney Mintz e do historiador Carlo Ginzburg, com a sua extraordinária contribuição do “paradigma indiciário”.
A irreverência e a ironia marcam presença na escritura de Chalhoub, reafirmando-se, assim, a concepção de Mikhail Bakhtin de que a seriedade não estaria obrigatoriamente identificada à sisudez, ao contrário do que propaga a cultura burguesa. Em que pesem as questões de extrema complexidade ali tratadas, a clareza do texto é, igualmente, uma importante virtude da obra em foco.

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