Dona Izolina E A Venda Dos Pretos: Solidariedade E Resistência

Izolina Maria de Jesus Francisco, Dona Roxa, ou simplesmente Dona Izolina, como era mais conhecida e tratada, nasceu na cidade baiana de Paramirim, em 1939. Chegou ao norte do Paraná, juntamente com os pais e os oito irmãos, no início da década de 1950

, auge dos fluxos migratórios nordestinos, após percorrer exaustivos trajetos nos chamados “paus-de-arara”7, fugindo da miséria e da seca. A família da D. Izolina - família Marques Neves - passou primeiramente pelo interior paulista, de onde se deslocou para Londrina de trem e completou o restante do percurso a pé, cerca de quinze quilômetros, para chegar à nova terra onde recomeçaria a sua história. Ao compartilharmos, por meio deste livro, a trajetória da D. Izolina e família, não apresentamos apenas as peculiaridades vivenciadas por esta família, mas também por inúmeros migrantes que vieram para Londrina durante o ciclo do café e trabalharam de sol a sol. Eles enfrentaram as difíceis condições de vida que caracterizavam o contexto e recaíam de modo mais intenso sobre o seu grupo social.
Através da trajetória da D. Izolina nos foi possibilitado acessar fragmentos daquelas vivências, visto que os nexos de sua biografia individual estão conectados aos processos sociais mais amplos. As narrativas que ela nos fez certamente contemplam diversas vozes silenciadas na “história oficial”, conhecida e divulgada, isto é, o ponto de vista dos migrantes pobres e negros que se deslocavam em busca de melhores condições de vida.
Na condição de mulher, negra, nordestina, migrante e pobre, que trabalhou na roça desde a infância e, posteriormente, por dezoito anos como doméstica, D. Izolina não teve oportunidade de estudar. A questão que fica é: O que a trajetória dessa mulher “simples” tem de tão precioso? É possível elencar inúmeros elementos. A princípio destacamos a sua sabedoria e generosidade para com todos que a procuravam. O gênio forte, mas profundamente acolhedor, somado à grande influência que exerceu sobre a própria família, lhe atribuiu as características de uma matriarca. Sua voz se fez respeitar não só no âmbito da família que chefiou, mas por todos aqueles que habitam a comunidade na qual residiu, além dos visitantes e clientes. Esta obra apresenta algumas singularidades em relação aos outros livros da Coleção Presença Negra em Londrina, já que a pesquisa, além de focalizar a trajetória da D. Izolina, narra simultaneamente a história do patrimônio histórico ao qual ela dedicou 20 anos da sua vida: a Venda do Alto, mais conhecida como Venda dos Pretos.

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Dona Izolina E A Venda Dos Pretos: Solidariedade E Resistência

Izolina Maria de Jesus Francisco, Dona Roxa, ou simplesmente Dona Izolina, como era mais conhecida e tratada, nasceu na cidade baiana de Paramirim, em 1939. Chegou ao norte do Paraná, juntamente com os pais e os oito irmãos, no início da década de 1950, auge dos fluxos migratórios nordestinos, após percorrer exaustivos trajetos nos chamados “paus-de-arara”7, fugindo da miséria e da seca. A família da D. Izolina – família Marques Neves – passou primeiramente pelo interior paulista, de onde se deslocou para Londrina de trem e completou o restante do percurso a pé, cerca de quinze quilômetros, para chegar à nova terra onde recomeçaria a sua história. Ao compartilharmos, por meio deste livro, a trajetória da D. Izolina e família, não apresentamos apenas as peculiaridades vivenciadas por esta família, mas também por inúmeros migrantes que vieram para Londrina durante o ciclo do café e trabalharam de sol a sol. Eles enfrentaram as difíceis condições de vida que caracterizavam o contexto e recaíam de modo mais intenso sobre o seu grupo social.
Através da trajetória da D. Izolina nos foi possibilitado acessar fragmentos daquelas vivências, visto que os nexos de sua biografia individual estão conectados aos processos sociais mais amplos. As narrativas que ela nos fez certamente contemplam diversas vozes silenciadas na “história oficial”, conhecida e divulgada, isto é, o ponto de vista dos migrantes pobres e negros que se deslocavam em busca de melhores condições de vida.
Na condição de mulher, negra, nordestina, migrante e pobre, que trabalhou na roça desde a infância e, posteriormente, por dezoito anos como doméstica, D. Izolina não teve oportunidade de estudar. A questão que fica é: O que a trajetória dessa mulher “simples” tem de tão precioso? É possível elencar inúmeros elementos. A princípio destacamos a sua sabedoria e generosidade para com todos que a procuravam. O gênio forte, mas profundamente acolhedor, somado à grande influência que exerceu sobre a própria família, lhe atribuiu as características de uma matriarca. Sua voz se fez respeitar não só no âmbito da família que chefiou, mas por todos aqueles que habitam a comunidade na qual residiu, além dos visitantes e clientes. Esta obra apresenta algumas singularidades em relação aos outros livros da Coleção Presença Negra em Londrina, já que a pesquisa, além de focalizar a trajetória da D. Izolina, narra simultaneamente a história do patrimônio histórico ao qual ela dedicou 20 anos da sua vida: a Venda do Alto, mais conhecida como Venda dos Pretos.

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