A Garota Sem Nome

Eu tenho uma história para contar. A história da minha vida. Achei que essa parte do livro na qual me apresento a vocês seria a coisa mais fácil do mundo. Estava enganada. Na verdade, é a mais difícil.


Quando nos encontramos com alguém pela primeira vez, costumamos dizer nosso nome. É a primeira coisa que fazemos, e dá aos outros uma forma de identificar-nos. Eu faço isso. Digo às pessoas que meu nome é Marina. Este não é o nome que meus pais me deram quando nasci; é o que escolhi para mim quando tinha cerca de 14 anos. Meu nome de nascimento, como tudo o mais desde a minha tenra infância, perdeu-se no tempo.
As coisas que importam — as primeiras lembranças, que nos ajudam a estabelecer nossa identidade, que as pessoas consideram como verdades — para mim estão há muito tempo esquecidas. Quem eram meus pais? Quais eram seus nomes e com quem se pareciam? Não sei. Não tenho nenhum retrato deles na memória, nem mesmo lembranças nebulosas. Não tenho ideia nem mesmo de com quem se pareciam. Tenho tantas perguntas que nunca serão respondidas. Como era minha casa e como vivíamos? Eu me dava bem com minha família? Terei irmãos que se lembram da irmã desaparecida e, se for assim, quem são e onde estão agora? O que eu gostava de fazer? Era amada? Era feliz? Quando é o meu aniversário? Quem sou eu?
Até agora, o que sei sobre mim é o seguinte: nasci por volta de 1950, em algum lugar do norte da América do Sul, tudo leva a pensar que na Venezuela ou na Colômbia. Não estou certa de qual delas. Como a maior parte da minha vida passou-se na Colômbia, digo a todo mundo que nasci lá.
As únicas lembranças reais que tenho — que posso recordar com suficiente clareza para compartilhá-las com vocês — são muito tênues e não particularmente esclarecedoras. Minha boneca negra, por exemplo. Lembro dela. Ainda lembro dos detalhes de sua saia preta de babados e as fitas de cetim vermelho costuradas em sua blusa. Sua pele era suave ao toque e seu cabelo era preto e desgrenhado. Lembro como o cabelo emoldurava seu rosto escuro e delicado.

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Quando nos encontramos com alguém pela primeira vez, costumamos dizer nosso nome. É a primeira coisa que fazemos, e dá aos outros uma forma de identificar-nos. Eu faço isso. Digo às pessoas que meu nome é Marina. Este não é o nome que meus pais me deram quando nasci; é o que escolhi para mim quando tinha cerca de 14 anos. Meu nome de nascimento, como tudo o mais desde a minha tenra infância, perdeu-se no tempo.
As coisas que importam — as primeiras lembranças, que nos ajudam a estabelecer nossa identidade, que as pessoas consideram como verdades — para mim estão há muito tempo esquecidas. Quem eram meus pais? Quais eram seus nomes e com quem se pareciam? Não sei. Não tenho nenhum retrato deles na memória, nem mesmo lembranças nebulosas. Não tenho ideia nem mesmo de com quem se pareciam. Tenho tantas perguntas que nunca serão respondidas. Como era minha casa e como vivíamos? Eu me dava bem com minha família? Terei irmãos que se lembram da irmã desaparecida e, se for assim, quem são e onde estão agora? O que eu gostava de fazer? Era amada? Era feliz? Quando é o meu aniversário? Quem sou eu?
Até agora, o que sei sobre mim é o seguinte: nasci por volta de 1950, em algum lugar do norte da América do Sul, tudo leva a pensar que na Venezuela ou na Colômbia. Não estou certa de qual delas. Como a maior parte da minha vida passou-se na Colômbia, digo a todo mundo que nasci lá.
As únicas lembranças reais que tenho — que posso recordar com suficiente clareza para compartilhá-las com vocês — são muito tênues e não particularmente esclarecedoras. Minha boneca negra, por exemplo. Lembro dela. Ainda lembro dos detalhes de sua saia preta de babados e as fitas de cetim vermelho costuradas em sua blusa. Sua pele era suave ao toque e seu cabelo era preto e desgrenhado. Lembro como o cabelo emoldurava seu rosto escuro e delicado.

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