Do PT Das Lutas Sociais Ao PT Do Poder

A compreensão da crise brasileira passa pelo reconhecimento de que essa é uma crise cuja explicação é em parte externa ao Partido dos Trabalhadores (PT), no poder desde 2003, pois reflete a problemática organização política da Constituição de 1988.

Mas é uma crise que decorre, também, do conjunto de contradições internas do Partido, que lhe deram origem e vida, o muniram de uma concepção de poder e de povo e o colocaram no centro do processo político brasileiro. É necessário considerar, ainda, os diferentes âmbitos de causação da crise, tanto os mais remotos quanto os mais conjunturais. O cenário de fundo das ocorrências relativas ao momento petista do nosso regime republicano é o dos fatos políticos que aqui ganhariam sentido com o fim da Guerra Fria, o de sua repercussão no surgimento de uma nova mentalidade política e na formação de partidos políticos de novo e diferente perfil. É o momento da emergência dos movimentos sociais como manifestação e núcleo de identidade dos novos sujeitos políticos da sociedade brasileira, libertados pela ruptura social e política decorrente desse evento geopolítico que, de diferentes modos, afetou a realidade de muitos países.
No caso brasileiro, a ruptura teve início antes da queda do muro de Berlim, em 1989, com a crise da ditadura, ela própria um dos produtos da Guerra Fria. E, também, com as manifestações das oposições ao regime em favor de uma nova ordem política, que culminaria com o fim da ditadura militar em 1985. O surgimento do PT, em 1980, ainda no quadro da polarização ideológica capitalismo-comunismo, já expressava, no entanto, o advento da nova ordem mundial, ainda que nos quadros mentais da cultura da polarização dicotômica entre direita e esquerda. A nova realidade política pautada não por novas categorias interpretativas, mas por aquelas da realidade que perecia. Um caso de falsa consciência e mesmo de demora cultural, como diziam antigamente os antropólogos para situar e explicar as mudanças sociais não compreendidas por seus próprios agentes.

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A compreensão da crise brasileira passa pelo reconhecimento de que essa é uma crise cuja explicação é em parte externa ao Partido dos Trabalhadores (PT), no poder desde 2003, pois reflete a problemática organização política da Constituição de 1988. Mas é uma crise que decorre, também, do conjunto de contradições internas do Partido, que lhe deram origem e vida, o muniram de uma concepção de poder e de povo e o colocaram no centro do processo político brasileiro. É necessário considerar, ainda, os diferentes âmbitos de causação da crise, tanto os mais remotos quanto os mais conjunturais. O cenário de fundo das ocorrências relativas ao momento petista do nosso regime republicano é o dos fatos políticos que aqui ganhariam sentido com o fim da Guerra Fria, o de sua repercussão no surgimento de uma nova mentalidade política e na formação de partidos políticos de novo e diferente perfil. É o momento da emergência dos movimentos sociais como manifestação e núcleo de identidade dos novos sujeitos políticos da sociedade brasileira, libertados pela ruptura social e política decorrente desse evento geopolítico que, de diferentes modos, afetou a realidade de muitos países.
No caso brasileiro, a ruptura teve início antes da queda do muro de Berlim, em 1989, com a crise da ditadura, ela própria um dos produtos da Guerra Fria. E, também, com as manifestações das oposições ao regime em favor de uma nova ordem política, que culminaria com o fim da ditadura militar em 1985. O surgimento do PT, em 1980, ainda no quadro da polarização ideológica capitalismo-comunismo, já expressava, no entanto, o advento da nova ordem mundial, ainda que nos quadros mentais da cultura da polarização dicotômica entre direita e esquerda. A nova realidade política pautada não por novas categorias interpretativas, mas por aquelas da realidade que perecia. Um caso de falsa consciência e mesmo de demora cultural, como diziam antigamente os antropólogos para situar e explicar as mudanças sociais não compreendidas por seus próprios agentes.

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