Leda Jesuino

Não foi por estranhos que tive conhecimento. Soube com meus próprios olhos, ou, melhor, com meus próprios ouvidos, escutando de minha filha Maria Edith o comentário de que a diretora do curso que ela fazia, o Ceciba, era para os alunos mais do que uma regente do curso, porque se tornara uma segunda mãe a todos eles.

Devido à maneira carinhosa de relacionar-se com as turmas, sempre afetuosa nos contatos, a professora Leda Jesuino transformara numa espécie de família a pequena comunidade que se abrigava no Colégio Central.
Com sua voz pausada e envolvente, na qual também se podia perceber um tom de autoridade e firmeza, ela costumava repreender o erro de comportamento pela ponderação e pelo conselho, jamais humilhando ou castigando. Por isso, o Ceciba (Centro de Ensino de Ciências da Bahia) era amado pelos estudantes, e já constituía uma referência no ensino em Salvador.
Minha filha era uma das alunas.
Conhecia de vista a professora Leda Ferraro (seu nome de solteira), desde os tempos em que a Faculdade de Filosofia ocupava o casarão da Avenida Joana Angélica, no qual antes estivera a Escola Normal. Ela fizera parte da primeira turma de alunos da Faculdade, que se graduou em 1945. Foi a única mulher do curso de Filosofia, e também a primeira, na Bahia, a formar-se naquele ramo de conhecimentos. Pouco tempo depois de concluir a Licenciatura em Filosofia, terminaria o Curso de Serviço Social, para alcançar o privilégio de ser, ainda, a primeira representante do seu sexo a preparar-se com aquele curso. Porém, vale muito mais habilitar-se pelo estudo e pela prática, em qualquer das áreas do preparo profissional, do que colecionar diplomas. Leda, a estudante, sempre levou a sério a oportunidade de adquirir uma boa formação. Sua turma deixou fama na Faculdade. Ela própria era apontada como exemplo de aluna.
Foi a aluna laureada.
Nunca é demais salientar a significação que a Faculdade de Filosofia, de Isaías Alves, teve para o melhoramento cultural da mulher baiana, e, igualmente, para sua realização pessoal e profissional. Ela, a faculdade, ele, o reformador, tornavam possível o prodígio de abrir à mulher o mercado de trabalho, mas, principalmente, o de enriquecer a elite pensante pela incorporação de vasto contingente de pessoas dotadas das qualidades que se entende como inerentes à mulher: facilidade de assimilação, aplicação no estudo, meticulosidade na execução de tarefas, probidade no manuseio de dinheiro, responsabilidade, pontualidade, sensibilidade, e tantas mais.

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Não foi por estranhos que tive conhecimento. Soube com meus próprios olhos, ou, melhor, com meus próprios ouvidos, escutando de minha filha Maria Edith o comentário de que a diretora do curso que ela fazia, o Ceciba, era para os alunos mais do que uma regente do curso, porque se tornara uma segunda mãe a todos eles. Devido à maneira carinhosa de relacionar-se com as turmas, sempre afetuosa nos contatos, a professora Leda Jesuino transformara numa espécie de família a pequena comunidade que se abrigava no Colégio Central.
Com sua voz pausada e envolvente, na qual também se podia perceber um tom de autoridade e firmeza, ela costumava repreender o erro de comportamento pela ponderação e pelo conselho, jamais humilhando ou castigando. Por isso, o Ceciba (Centro de Ensino de Ciências da Bahia) era amado pelos estudantes, e já constituía uma referência no ensino em Salvador.
Minha filha era uma das alunas.
Conhecia de vista a professora Leda Ferraro (seu nome de solteira), desde os tempos em que a Faculdade de Filosofia ocupava o casarão da Avenida Joana Angélica, no qual antes estivera a Escola Normal. Ela fizera parte da primeira turma de alunos da Faculdade, que se graduou em 1945. Foi a única mulher do curso de Filosofia, e também a primeira, na Bahia, a formar-se naquele ramo de conhecimentos. Pouco tempo depois de concluir a Licenciatura em Filosofia, terminaria o Curso de Serviço Social, para alcançar o privilégio de ser, ainda, a primeira representante do seu sexo a preparar-se com aquele curso. Porém, vale muito mais habilitar-se pelo estudo e pela prática, em qualquer das áreas do preparo profissional, do que colecionar diplomas. Leda, a estudante, sempre levou a sério a oportunidade de adquirir uma boa formação. Sua turma deixou fama na Faculdade. Ela própria era apontada como exemplo de aluna.
Foi a aluna laureada.
Nunca é demais salientar a significação que a Faculdade de Filosofia, de Isaías Alves, teve para o melhoramento cultural da mulher baiana, e, igualmente, para sua realização pessoal e profissional. Ela, a faculdade, ele, o reformador, tornavam possível o prodígio de abrir à mulher o mercado de trabalho, mas, principalmente, o de enriquecer a elite pensante pela incorporação de vasto contingente de pessoas dotadas das qualidades que se entende como inerentes à mulher: facilidade de assimilação, aplicação no estudo, meticulosidade na execução de tarefas, probidade no manuseio de dinheiro, responsabilidade, pontualidade, sensibilidade, e tantas mais.

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