Separação E Rosto: Um Caminho De Ruptura Da Totalidade E A Possibilidade Da Relação Ética

“É preciso ler Levinas” – é a afirmação com que fecha seu livro sobre Levinas o escritor S. Malka. E por dois motivos: primeiro, para não se abusar de um pensamento não fácil, reduzindo-o a expressões provocativas e vulgarizadas, mas não compreendidas

; segundo, é preciso ler Levinas, porque nesta afirmação transparece uma urgência, e carrega um imperativo profético. Sua obra não é de fácil compreensão, seu pensamento tem impregnação profética, e sua mensagem provocadora revela urgência inadiável. Ele mesmo previne que sua proposta ética não é “para filhos de papai”. A urgência é sempre índice de uma situação de emergência. Na emergência, o curso normal dos acontecimentos é interrompido, o seu fluir tranqüilo é questionado nos seus pressupostos implícitos, os seus pontos de apoio são contestados, para tentar uma mudança, uma conversão que descortina novos horizontes. O encontro com a obra e o pensamento de Levinas é uma espécie de aventura intelectual e espiritual. Pode-se repetir para ele o que ele dizia de Husserl, um de seus mestres: ”Encontrar um homem significa ser mantidos vigilantes por um enigma”. Creio que a aproximação ao seu escrever e ao seu dizer seja uma das mais incisivas experiências de desenraizamento, de desestruturação, talvez aquela modulada com maior insistência e com registros diversos, com riqueza de análises e com proposições inauditas, no âmbito da filosofia contemporânea. É incessante em Levinas a busca para “ir além”, “ir aquém”, um “além que é um primeiro”, um futuro que é articulação de um “passado imemorial”. Em vez da “união”, procura e propõe a “separação”, em vez da “identidade” advoga a “alteridade”. Ao afirmar a “separação” não se filia à corrente do solipsismo e do subjetivismo da modernidade recente, mas defende sem equívocos uma “filosofia da socialidade”, do “encontro na separação”. Encontro na separação não será uma relação impossível? Será preciso nada menos do que repensar o infinito, o desejo e a alteridade, questionando teses clássicas da ontologia, da unidade e da linguagem. A pesquisa da Águeda Martinelli tem o mérito de mostrar esses aspectos, iniciando o leitor ao pensamento e à temática central do filósofo Levinas.

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“É preciso ler Levinas” – é a afirmação com que fecha seu livro sobre Levinas o escritor S. Malka. E por dois motivos: primeiro, para não se abusar de um pensamento não fácil, reduzindo-o a expressões provocativas e vulgarizadas, mas não compreendidas; segundo, é preciso ler Levinas, porque nesta afirmação transparece uma urgência, e carrega um imperativo profético. Sua obra não é de fácil compreensão, seu pensamento tem impregnação profética, e sua mensagem provocadora revela urgência inadiável. Ele mesmo previne que sua proposta ética não é “para filhos de papai”. A urgência é sempre índice de uma situação de emergência. Na emergência, o curso normal dos acontecimentos é interrompido, o seu fluir tranqüilo é questionado nos seus pressupostos implícitos, os seus pontos de apoio são contestados, para tentar uma mudança, uma conversão que descortina novos horizontes. O encontro com a obra e o pensamento de Levinas é uma espécie de aventura intelectual e espiritual. Pode-se repetir para ele o que ele dizia de Husserl, um de seus mestres: ”Encontrar um homem significa ser mantidos vigilantes por um enigma”. Creio que a aproximação ao seu escrever e ao seu dizer seja uma das mais incisivas experiências de desenraizamento, de desestruturação, talvez aquela modulada com maior insistência e com registros diversos, com riqueza de análises e com proposições inauditas, no âmbito da filosofia contemporânea. É incessante em Levinas a busca para “ir além”, “ir aquém”, um “além que é um primeiro”, um futuro que é articulação de um “passado imemorial”. Em vez da “união”, procura e propõe a “separação”, em vez da “identidade” advoga a “alteridade”. Ao afirmar a “separação” não se filia à corrente do solipsismo e do subjetivismo da modernidade recente, mas defende sem equívocos uma “filosofia da socialidade”, do “encontro na separação”. Encontro na separação não será uma relação impossível? Será preciso nada menos do que repensar o infinito, o desejo e a alteridade, questionando teses clássicas da ontologia, da unidade e da linguagem. A pesquisa da Águeda Martinelli tem o mérito de mostrar esses aspectos, iniciando o leitor ao pensamento e à temática central do filósofo Levinas.

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