Antonio Carlos Nóbrega Em Acordes E Textos Armoriais

O início dos anos 70, passados seis anos do golpe militar, foi marcado por um período de tensão que se instaurava sob a inflexível atuação da censura e da repressão. Nesse período, falar em cultura entre os poderes repressores era considerado, no mínimo, suspeito

, tendo em vista a politização que orientava os grupos de cultura popular.
Em Pernambuco, a cidade do Recife, um dos polos culturais mais atuantes do país, representava um dos principais lugares onde se falava em cultura, especificamente a popular, graças a grupos de artistas e intelectuais que se reuniam com o intuito de dar expressão a “formas autênticas” da cultura brasileira.
Um desses grupos, denominado Armorial, fundado e organizado pelo escritor paraibano Ariano Suassuna, tinha como objetivo a realização de uma arte erudita, partindo das raízes populares da cultura brasileira. Toda preocupação de Suassuna em valorizar a arte brasileira erudita, baseada na raiz popular da nossa cultura, veio dar “vida”, entre outros importantes projetos, ao Quinteto Armorial. Com isso, pretendia-se uma reeducação dos nossos músicos através de instrumentos de conhecimento popular, como o berimbau de lata, a viola, a rabeca, o pífano e o violão.
O presente trabalho estuda o Movimento Armorial tomando como base a obra de Antonio Carlos Nóbrega, membro do antigo Quinteto Armorial e propagador do Movimento desde a sua criação por Ariano Suassuna. Dessa forma, enfocamos traços armoriais que se tornam evidentes no trabalho do músico, desde o seu teatro, passando pela dança, até suas músicas e letras - ponto crucial neste estudo, e que projetam, inclusive, seu trabalho junto à mídia.
Ao longo do tempo, foi estabelecida uma discussão em torno do Armorial, enquanto uma arte direcionada para intelectuais. Diante disso, partimos da seguinte indagação: De que forma o artista Antonio Carlos Nóbrega, um dos principais representantes da arte armorial na atualidade, tendo, inclusive, uma visibilidade relativa junto à mídia, tem conseguido tornar esta arte mais assimilável a um maior público? Observamos, portanto, até que ponto o artista tem conseguido torná-la mais acessível aos diversos públicos que, a exemplo do que dizem algumas críticas feitas ao Movimento, não se reconhecem no Armorial. Buscando entender essas questões, partimos do princípio de que Antonio Carlos Nóbrega, em seus espetáculos, consegue acabar com a distinção de público, de forma que, tanto o público mais erudito, quanto o mais popular se reconhecem no Armorial. Isso seria possível, talvez, pela questão da memória coletiva presente na arte armorial.

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O início dos anos 70, passados seis anos do golpe militar, foi marcado por um período de tensão que se instaurava sob a inflexível atuação da censura e da repressão. Nesse período, falar em cultura entre os poderes repressores era considerado, no mínimo, suspeito, tendo em vista a politização que orientava os grupos de cultura popular.
Em Pernambuco, a cidade do Recife, um dos polos culturais mais atuantes do país, representava um dos principais lugares onde se falava em cultura, especificamente a popular, graças a grupos de artistas e intelectuais que se reuniam com o intuito de dar expressão a “formas autênticas” da cultura brasileira.
Um desses grupos, denominado Armorial, fundado e organizado pelo escritor paraibano Ariano Suassuna, tinha como objetivo a realização de uma arte erudita, partindo das raízes populares da cultura brasileira. Toda preocupação de Suassuna em valorizar a arte brasileira erudita, baseada na raiz popular da nossa cultura, veio dar “vida”, entre outros importantes projetos, ao Quinteto Armorial. Com isso, pretendia-se uma reeducação dos nossos músicos através de instrumentos de conhecimento popular, como o berimbau de lata, a viola, a rabeca, o pífano e o violão.
O presente trabalho estuda o Movimento Armorial tomando como base a obra de Antonio Carlos Nóbrega, membro do antigo Quinteto Armorial e propagador do Movimento desde a sua criação por Ariano Suassuna. Dessa forma, enfocamos traços armoriais que se tornam evidentes no trabalho do músico, desde o seu teatro, passando pela dança, até suas músicas e letras – ponto crucial neste estudo, e que projetam, inclusive, seu trabalho junto à mídia.
Ao longo do tempo, foi estabelecida uma discussão em torno do Armorial, enquanto uma arte direcionada para intelectuais. Diante disso, partimos da seguinte indagação: De que forma o artista Antonio Carlos Nóbrega, um dos principais representantes da arte armorial na atualidade, tendo, inclusive, uma visibilidade relativa junto à mídia, tem conseguido tornar esta arte mais assimilável a um maior público? Observamos, portanto, até que ponto o artista tem conseguido torná-la mais acessível aos diversos públicos que, a exemplo do que dizem algumas críticas feitas ao Movimento, não se reconhecem no Armorial. Buscando entender essas questões, partimos do princípio de que Antonio Carlos Nóbrega, em seus espetáculos, consegue acabar com a distinção de público, de forma que, tanto o público mais erudito, quanto o mais popular se reconhecem no Armorial. Isso seria possível, talvez, pela questão da memória coletiva presente na arte armorial.

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