Ética Para Meus Pais

Li há bastante tempo o livro do filósofo espanhol Fernando Savater intitulado Ética para meu filho, no qual um “pai” escreve pequenos textos para seu “filho” adolescente.

Contrariamente ao que muitos poderiam pensar ao ler a palavra “ética”, geralmente empregada como sinônima de moral, não se trata de um livro de catecismo, com belos discursos sobre o bem e o mal, embora o tema dos deveres também esteja presente. Trata-se de reflexões sobre a vida e sobre atitudes perante seus desafios.
Trata-se de reflexões sobre costumes (origem etimológica da palavra “ética”), apresentadas por um “pai” que não pontifica, mas que se mostra astuto e não raramente com senso de humor. É claro que se a personagem “pai” não tivesse sido criada por um filósofo de profissão, dificilmente poderia propor a seu filho textos com tantas referências literárias e argumentos rigorosamente encadeados.
Quanto a mim, veio-me na época a seguinte ideia: não seria o caso de escrever um livro por assim dizer recíproco, intitulado Ética para meus pais? É claro que eu não pensava em conselhos existenciais vindos dos jovens, atribuindo-lhes uma sabedoria que faltaria a seus pais. De onde ela viria? Mas negar tal sabedoria não implica negar-lhes a capacidade de pensar e de serem críticos dos comportamentos alheios, notadamente dos adultos. Logo, haveria, sim, sentido em escrever uma “ética para meus pais”.
Animei-me com o projeto, mas logo esbarrei na forma de realizá-lo. O livro traria cartas de um filho para seus pais? Seria um diário de um jovem? Ou então por que não imaginar diálogos sobre o mundo realizados por um grupo de adolescentes?
Serão os filhos capazes de ensinar alguma coisa a respeito da vida para seus pais? Esse  livro nos leva a uma reflexão sobre ética, mas de uma maneira leve e engraçada, com um narrador inusitado, o menino Tomás. Ética! Qual a diferença entre ética e moral? Por exemplo, é questão moral decidir se, em determinada circunstância, deve-se ou não mentir.
E é questão ética julgar se dinheiro e fama são os elementos centrais de uma vida bem-sucedida. Esse é o sentido de ética assumido aqui. Com muito bom humor e uma ingenuidade perspicaz, Tomás nos conta cenas da vida cotidiana - somos convidados a dar 'olés' com seu pai no trânsito, a participar de sua festa de aniversário de arromba (para os outros), da viagem em família pela Europa - 'por acaso, tinha um restaurante brasileiro perto do hotel, o McDonald's'. E assim Tomás, sem nem perceber, faz críticas ao consumo exagerado, a um mundo de aparências. Afinal, não se diz que 'a verdade sai da boca das crianças?'

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Li há bastante tempo o livro do filósofo espanhol Fernando Savater intitulado Ética para meu filho, no qual um “pai” escreve pequenos textos para seu “filho” adolescente. Contrariamente ao que muitos poderiam pensar ao ler a palavra “ética”, geralmente empregada como sinônima de moral, não se trata de um livro de catecismo, com belos discursos sobre o bem e o mal, embora o tema dos deveres também esteja presente. Trata-se de reflexões sobre a vida e sobre atitudes perante seus desafios.
Trata-se de reflexões sobre costumes (origem etimológica da palavra “ética”), apresentadas por um “pai” que não pontifica, mas que se mostra astuto e não raramente com senso de humor. É claro que se a personagem “pai” não tivesse sido criada por um filósofo de profissão, dificilmente poderia propor a seu filho textos com tantas referências literárias e argumentos rigorosamente encadeados.
Quanto a mim, veio-me na época a seguinte ideia: não seria o caso de escrever um livro por assim dizer recíproco, intitulado Ética para meus pais? É claro que eu não pensava em conselhos existenciais vindos dos jovens, atribuindo-lhes uma sabedoria que faltaria a seus pais. De onde ela viria? Mas negar tal sabedoria não implica negar-lhes a capacidade de pensar e de serem críticos dos comportamentos alheios, notadamente dos adultos. Logo, haveria, sim, sentido em escrever uma “ética para meus pais”.
Animei-me com o projeto, mas logo esbarrei na forma de realizá-lo. O livro traria cartas de um filho para seus pais? Seria um diário de um jovem? Ou então por que não imaginar diálogos sobre o mundo realizados por um grupo de adolescentes?
Serão os filhos capazes de ensinar alguma coisa a respeito da vida para seus pais? Esse  livro nos leva a uma reflexão sobre ética, mas de uma maneira leve e engraçada, com um narrador inusitado, o menino Tomás. Ética! Qual a diferença entre ética e moral? Por exemplo, é questão moral decidir se, em determinada circunstância, deve-se ou não mentir.
E é questão ética julgar se dinheiro e fama são os elementos centrais de uma vida bem-sucedida. Esse é o sentido de ética assumido aqui. Com muito bom humor e uma ingenuidade perspicaz, Tomás nos conta cenas da vida cotidiana – somos convidados a dar ‘olés’ com seu pai no trânsito, a participar de sua festa de aniversário de arromba (para os outros), da viagem em família pela Europa – ‘por acaso, tinha um restaurante brasileiro perto do hotel, o McDonald’s’. E assim Tomás, sem nem perceber, faz críticas ao consumo exagerado, a um mundo de aparências. Afinal, não se diz que ‘a verdade sai da boca das crianças?’

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