As Órbitas Do Sítio

Três décadas depois de sua constituição, um balanço inicial revela que o acervo de documentos relativos à história do indigenismo brasileiro no século XX depositado no Museu do Índio

contribuiu para a elaboração de centenas de artigos, dissertações e teses sobre a cultura indígena e a política indigenista, envolvendo atividades do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), do Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI), da Comissão Rondon e da Fundação Brasil Central (FBC).
O antropólogo Antonio Carlos de Souza Lima foi um dos primeiros cientistas sociais a fazer observações sobre a organização desse acervo: constatou então a marginalização de boa parte da documentação administrativa do SPI, o que produziu lacunas até hoje existentes na história dessa instituição. Isso, contudo, não impediu que Souza Lima elaborasse uma obra seminal, em que analisa a intervenção do Estado brasileiro em face dos povos indígenas desde os primórdios da conquista do Brasil. A noção de “poder tutelar”, construída nessa pesquisa para a elaboração de sua tese de doutorado, tem sido profícua, sendo empregada em inúmeros trabalhos sobre as mais diversas realidades sociais.
Para desenvolver a pesquisa da tese, Souza Lima contou com a colaboração em campo de jovens e talentosos historiadores e cientistas sociais, que coletaram documentos, produzindo uma das maiores sistematizações de informações já vistas em trabalhos antropológicos. Coordenando essa equipe de estagiários do Programa de Estudos de Terras Indígenas (PETI), coube a Souza Lima lapidar o material de campo, transformando-o numa tese inovadora sobre o indigenismo brasileiro, que supera as obras propagandísticas então predominantes nessa área.
Os dados que Souza Lima apresenta aqui constituem, originalmente, a maior parte do segundo volume de sua tese e são uma amostra do potencial do acervo depositado no Museu do Índio: listagens inéditas de diretores, inspetores e outros servidores indigenistas, organogramas históricos das organizações, tabelas de orçamentos, mapas raros, legislações regimentais e sínteses de informações regionais sobre a ação do SPI.
Trabalhando há trinta anos com tal acervo, até hoje sou surpreendido por novas revelações que o manuseio de mais de quinhentos mil documentos proporciona. Há ainda muito material inédito a explorar, como a imensa documentação relativa aos estados do Mato Grosso e do Pará.
A divulgação das fontes primárias utilizadas por Souza Lima valoriza um acervo cujo desvendamento pode colaborar para o amadurecimento de propostas políticas relativas ao futuro dos povos indígenas do Brasil. Cabe a novos pesquisadores colocar mãos à obra, agradecendo a generosidade do antropólogo que aqui divulga suas fontes de pesquisa.

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O antropólogo Antonio Carlos de Souza Lima foi um dos primeiros cientistas sociais a fazer observações sobre a organização desse acervo: constatou então a marginalização de boa parte da documentação administrativa do SPI, o que produziu lacunas até hoje existentes na história dessa instituição. Isso, contudo, não impediu que Souza Lima elaborasse uma obra seminal, em que analisa a intervenção do Estado brasileiro em face dos povos indígenas desde os primórdios da conquista do Brasil. A noção de “poder tutelar”, construída nessa pesquisa para a elaboração de sua tese de doutorado, tem sido profícua, sendo empregada em inúmeros trabalhos sobre as mais diversas realidades sociais.
Para desenvolver a pesquisa da tese, Souza Lima contou com a colaboração em campo de jovens e talentosos historiadores e cientistas sociais, que coletaram documentos, produzindo uma das maiores sistematizações de informações já vistas em trabalhos antropológicos. Coordenando essa equipe de estagiários do Programa de Estudos de Terras Indígenas (PETI), coube a Souza Lima lapidar o material de campo, transformando-o numa tese inovadora sobre o indigenismo brasileiro, que supera as obras propagandísticas então predominantes nessa área.
Os dados que Souza Lima apresenta aqui constituem, originalmente, a maior parte do segundo volume de sua tese e são uma amostra do potencial do acervo depositado no Museu do Índio: listagens inéditas de diretores, inspetores e outros servidores indigenistas, organogramas históricos das organizações, tabelas de orçamentos, mapas raros, legislações regimentais e sínteses de informações regionais sobre a ação do SPI.
Trabalhando há trinta anos com tal acervo, até hoje sou surpreendido por novas revelações que o manuseio de mais de quinhentos mil documentos proporciona. Há ainda muito material inédito a explorar, como a imensa documentação relativa aos estados do Mato Grosso e do Pará.
A divulgação das fontes primárias utilizadas por Souza Lima valoriza um acervo cujo desvendamento pode colaborar para o amadurecimento de propostas políticas relativas ao futuro dos povos indígenas do Brasil. Cabe a novos pesquisadores colocar mãos à obra, agradecendo a generosidade do antropólogo que aqui divulga suas fontes de pesquisa.

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